Por que a Terra tem esse nome se é coberta majoritariamente por água?
Porque a tal "terra" do nome, que vem do mito de criação grego, não é em oposição ao mar – e sim ao céu.
No começo do Gênesis, o Deus judaico-cristão cria o céu e a terra. Essa é uma cena clássica: no primeiro livro das Crônicas de Nárnia em ordem cronológica, intitulado O Sobrinho do Mago, o leão Aslam também cria um mundo do zero.
A Teogonia – poema de Hesíodo com 1022 versos que narra a criação do mundo segundo a mitologia grega – tem uma cena parecida. No início, há apenas uma divindade meio difusa chamada Caos, que representa uma espécie de vácuo primordial. Ele é o nada – é o que havia antes que houvesse alguma coisa.
É então que surge a terra – uma deusa de nome Gaia. E o céu, que também é uma divindade por si só, chamada Urano.
Na mitologia de Roma, cujos deuses eram todos derivados da Grécia, Urano foi rebatizado de Caelus – isto é, o céu –, e Gaia se tornou… Terra, que naquela época já significava “solo” ou “chão”.
Ou seja: a Terra, com letra maiúscula, é tudo que não é o céu. Não faz sentido agora que sabemos que a Terra é um planeta como os outros – ou seja, que ela também “flutua” no céu. Mas na época em que o mito surgiu, o horizonte parecia uma fronteira extremamente importante – uma divisão clara entre o que está abaixo dos nossos pés e o que está em cima. E a tradição de 2 mil anos ficou.