Por que descendentes de alemães são chamados de “teuto-brasileiros”?
A Alemanha só se unificou em 1871. Pela maior parte da história, cada povo deu seu próprio nome para a região – e isso gerou uma salada etimlógica.

Na Antiguidade, várias tribos celtas e germânicas habitavam o território que hoje é a Alemanha. Os teutões eram uma delas. A confederação dos alamanos (que deu origem ao nome “Alemanha”) também. Assim como os saxões: na Finlândia, até hoje, o país é chamado de Saksa.
Esses são exônimos: nomes dados por gente de fora e carregados de preconceitos – neste caso, usar “saxão” ou “teutão” ou “alamano” como uma etiqueta genérica para qualquer falante de línguas germânicas.
O nome “teutão” deriva da forma arcaica *tewtéh₂-, que vem do proto-indoeuropeu (uma línguade milênios atrás que deu origem ao germânico arcaico, ao latim, ao grego etc.) e significava “povo”. Essa mesma palavra, por outro caminho de transformações fonéticas, deu origem a deutsch.
Ou seja: Deutschland, que é o nome da Alemanha em alemão, significa “terra do povo”.
O território que hoje chamamos de Alemanha passou a maior parte de sua história sem unidade política – o famosíssimo chanceler Otto von Bismarck unificou o país em 1871, costurando uma colcha de retalhos que consistia em 25 pequenos reinos distintos.
Ou seja: pela maior parte da História, não houve um gentilíco com que todos os habitantes daquela região concordassem. Por isso, era natural que a população dos outros estados-nação da vizinhança acabasse bolando seus próprios nomes para se referir ao conjunto de povos que hoje entedemos como alemães.
O mais divertido dos exônimos alemães talvez seja o usado em países como a Polônia (Nyemci) ou a Ucrânia (Niméččyna). Ele deriva da antiga palavra eslava *němьcь, que significava “mudo” e se referia ao fato de que os eslavos não entendiam o que os germânicos diziam.