Por que vodca dá mais amnésia que outras bebidas?
Ó, grande Oráculo, por que a vodca dá tanta amnésia? E não venha falar somente por causa do álcool, porque outras bebidas tão fortes quanto, como o uísque, não dão tanta amnésia! hehe Abc Luiz Carlos Naya Filho ESTA CANETA SÓ SAI COM GUMMY Calma, Creuza! Tá de ressaca, é? A vodca leva essa fama […]
Ó, grande Oráculo, por que a vodca dá tanta amnésia? E não venha falar somente por causa do álcool, porque outras bebidas tão fortes quanto, como o uísque, não dão tanta amnésia! hehe Abc
Luiz Carlos Naya Filho
ESTA CANETA SÓ SAI COM GUMMY
Calma, Creuza! Tá de ressaca, é? A vodca leva essa fama por uma questão cultural. As pessoas tendem a beber vodca em quantidades soviéticas, misturada com dezenas de outros ingredientes (afinal, como dizia uma velha comunidade do Orkut, vodca serve pra fazer drinque até com detergente).
Como você falou, o uísque tem uma graduação alcoólica parecida. Aliás, cachaça, rum e tequila costumam flutuar em torno dos 40%. O gim tem um pouco a mais. Quanto mais álcool, maior a interferência no cérebro. “Ele interfere em sistemas de armazenamento e transferência da memória de curto para longo prazo”, diz sobriamente o neurologista Mauro Muskat, da Unifesp. Ele explica que o que acontece é um bloqueio de algumas áreas cerebrais, relacionadas com a transferência da memória de curto prazo (mediadas no hipocampo) e com a memória de longo prazo (mediadas na região frontal do cérebro).
Na linguagem rasteira das buatchis, tu deu pt, queimou a largada.
O neurologista lembra que não é só quantidade que influi, mas também a velocidade em que o álcool invade o organismo. Uma pessoa que não está acostumada a beber e bebe muito rápido muitas vezes não fica necessariamente embriagada, mas pode, mesmo assim, ter alterações específicas relacionadas ao armazenamento de memória, ou seja, pode ter aqueles períodos de branco no dia seguinte. “Isso é bem individual, vai variar de organismo para organismo”, diz Muskat.
Vale lembrar também que uma pesquisa da Universidade da Califórnia, feita com imagens de ressonância magnética de cérebros de estudantes universitários, sugeriu que a amnésia alcoólica não depende da quantidade de álcool ingerida, e pode se tratar de uma questão genética: algumas pessoas têm um componente bioquímico no cérebro que faz com que o álcool afete mais intensamente a atividade cerebral em áreas ligadas ao autodomínio, atenção e memória de trabalho. Com isso, elas ficam mais propensas a perder a memória quando bebem.
É um estudo. E estudo tem de monte.
Mas isso tudo volta à história de como a gente bebe esses destilados. De maneira geral:
uísque – cheio de gelo ou cheio de energético na balada. Se beber muito, amnésia. Se beber em casa, é devagar, degustando. Logo, sem apagar.
tequila – salvo estudiosos del tequila, entusiastas e recém-chegados de uma viagem ao México que foi além do spring break em Cancún, humanos costumam beber em shots grosseiros, lambuzados de sal e limão. Resultado: pessoas uivando – e amnésia.
cachaça – como abrideira de refeições, bebemos cerimoniosamente ou em shots, além, claro, da caipirinha. mas é raro beber em quantidades alambiqueiras numa balada. É uma bebida do dia, do sol, do churrasco. Encharque-se de caipirinha e veja se não há amnésia.
vodca – também funciona bem como abrideira e há uma infinidade de nuances e sabores, mas, na prática, quem a consome no Brasil ou faz drinques mais ou menos requintados ou usa para turbinar a noite insanamente. Por isso é relacionada à amnésia com mais frequência.
gim – quem aí bebe gim?
(crédito da imagem:BrittneyBush)