Recomeço com emprego e dignidade: no Magdas Hotel, em Viena, todos os funcionários são refugiados
Este não é um hotel como outros. Logo de cara, na entrada, ao lado do lobby, uma série de retratos na parede fazem as primeiras apresentações. O Magdas Hotel, em Viena, na Áustria, é um lugar cheio de histórias.
Histórias como a do iraniano Antonio Piani, que fugiu de seu país natal há mais de dez anos. No Irã, foi preso diversas vezes porque lutava pela democracia. Chegou à Áustria como exilado, mas nestes anos todos, nunca conseguiu um emprego estável. Descobriu que apesar de estar longe da ditadura, a falta de um trabalho o impedia de se tornar um homem livre.
Assim como Piani, o nigeriano Segun Brince buscou asilo em Viena. Por ser cristão, sua mulher foi morta por terroristas do grupo fundamentalista islâmico Boko Haram, na Nigéria, e ele teve de ir embora.
Brince e Piani são funcionários no Magdas Hotel. Ao lado deles, refugiados de outras 14 nacionalidades trabalham no local. Eles ocupam as mais diferentes funções: de chefs de cozinha a camareiros, eletricistas a recepcionistas. São as lindas fotos deles, que dão as boas-vindas aos hóspedes.
Retratos dos funcionários no lobby do Magdas Hotel
A ideia do hotel é criar um ambiente em que pessoas de todos os cantos do planeta, sejam elas turistas ou refugiados – tenham a chance de conviver e conhecer a históriado próximo.
A iniciativa do Magdas Hotel é da organização europeia Caritas, que faz trabalho filantrópico no mundo todo, frequentemente com refugiados. A Europa vive um momento dificílimo: milhares de pessoas chegam todos os dias ao continente, tentando fugir da fome, terrorismo e guerras civis. Muitos já morreram no caminho, em travessias ilegais, até a costa da Itália.
O hotel de Viena, inaugurado em fevereiro deste ano, é um negócio social. Pretende resolver um problema social e econômico. Mas justamente por isso, não receberá subsídios ou doações. Terá que gerar lucro para continuar de portas abertas. Pelo sucesso dos primeiros meses e a receptividade dos hóspedes, o hotel terá vida longa.
O prédio do Magdas era um antigo abrigo de idosos, localizado em frente à famosa roda-gigante da cidade. Reformado, ganhou decoração minimalista e clean. Os alunos da Academia de Belas Artes de Viena, vizinha de bairro, colaboraram com diversas obras de arte e pinturas na parede. Na escadaria, que leva aos 78 quartos do hotel, estão penduradas bandeiras que representam as nacionalidades dos refugiados.
O hotel é um negócio social, criado para solucionar um problema econômico e social
Pelos corredores podem ser ouvidos 23 idiomas. Línguas diferentes, mas de pessoas unidas por um objetivo comum: ter um emprego, que garanta uma vida com liberdade e dignidade. Pessoas que fugiram de terras distantes e buscaram um novo recomeço longe de seus amigos, familiares e lembranças mais queridas.
Certamente este é um hotel único. Uma iniciativa brilhante, que merece ser replicada em outros lugares do mundo.
Na foto abaixo, você conhece a equipe completa do Magdas Hotel de Viena.
Posando para foto: refugiados de 14 nacionalidades, que falam 23 idiomas
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Fotos: divulgação Magdas Hotel