Minha mulher despreza o meu hobby. O que posso fazer?
Nesta semana, os leitores desabafaram sobre a falta de companheirismo no casamento – e sobre um terror profundo de sua aparência.
Nesta semana, os leitores desabafaram sobre a falta de companheirismo no casamento – e sobre um terror profundo de sua aparência.
Minha cônjuge não apoia com entusiasmo os meus projetos pessoais. Sou artista plástico e faço miniaturas de monstros – em um nível que pouca gente consegue alcançar manualmente. Mas, mesmo assim, minha mulher não acredita que eu consiga ter sucesso com isso. E olha que eu ando tendo alguma venda todo mês. Se a própria pessoa que tu ama não te dá apoio suficiente para continuar e melhorar, isso com certeza tira nossa felicidade
– Monstros sem apoio
Caro monstros,
Concordo com você. Acho triste a sua esposa não acreditar em você. Será que ela está com ciúme dos monstros? Você não diz que largou todas as suas outras ocupações para ficar fazendo minimonstros ad infinitum – pelo contrário: você diz que tem gente até comprando a sua arte! Parabéns! Acho que o assunto vale uma última conversa. Chame-a em um dia tranquilo, com um tom bem calmo, e diga algo como: “Cleide, não estou aqui para cobrar você ou para brigar. Quero dizer que, para mim, meus monstros são muito importantes – assim como você é importante para mim. Quero tê-la perto de mim e gostaria de poder dividir essa parte da minha vida com você. Por isso, seria legal se você respeitasse o meu trabalho.” E veja o que ela diz. Se, mesmo depois dessa explicação razoável, ela continuar desprezando os seus monstros, acho que você pode pensar se você quer seguir ao lado de alguém que não acredita em uma parte importante de você.
O que me incomoda é que não consigo me olhar mais no espelho. Tenho repulsa do que vejo. Não queria me sentir assim, mas sinto. Evito ao máximo sair na rua pois tenho vergonha das pessoas, e não me sinto parte de um grupo. Me sinto deslocado. Vontade de morrer.
– Envergonhado
Você não explicou qual é o problema da sua aparência (lembrando também que não existe esse conceito de “problema com a sua aparência”). Mas acho que, para qualquer tipo de coisa que possa estar impedindo você de sair na rua, vale lembrar do velho mantra: as pessoas não se importam. As. Pessoas. Não. Se. Importam. Você pode sair por Copacabana com uma jaca equilibrada na cabeça, que as pessoas vão passar por você como se nada houvesse. Pense na quantidade de tempo que você já perdeu pensando na cara de algum desconhecido na rua e perceba que ela deve ter sido perto de zero. De qualquer jeito, acho que seria bom você checar com um terapeuta se você não está sofrendo de algum distúrbio de ansiedade – o que também acontece, e que pode ser tratado.