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Desastre nuclear de Fukushima, no Japão, foi duas vezes pior do que se pensava

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 10h36 - Publicado em 4 nov 2011, 15h33

A radiação liberada pelo desastre nuclear de Fukushima, provocado por um terremoto  que atingiu o país em março deste ano, foi duas vezes maior do que se pensava.

Depois de examinar estações de monitoramento de radiação em todo o Japão e no resto do mundo, pesquisadores do Instituto Norueguês de Pesquisa do Ar (Norwegian Institute of Air Research) descobriram que a quantidade de césio 137, um isótopo radioativo de vida longa que persiste na atmosfera, foi cerca de duas vezes superior à estimativa oficial do governo japonês. Esse número (3,5 × 1016 becquerels) é cerca de metade das emissões de Chernobyl, considerado o pior acidente nuclear da história.

Liberação de césio 137

O forte terremoto que atingiu o Japão no dia 11 de março de 2011 comprometeu os geradores de energia que mantinham ligado o sistema de refrigeração de seis reatores da usina Fukushima Daiichi, o que provocou o seu superaquecimento. Com a temperatura alta demais, o revestimento de metal que guardava o combustível radioativo derreteu, liberando radiação e hidrogênio, um gás altamente inflamável. Isso provocou explosões que danificaram as paredes de contenção do reator e liberaram a radiação (especialmente o césio 137) para o ambiente.

De acordo com o novo estudo, o pico das emissões de césio 137 ocorreu três ou quatro dias após o terremoto e o tsunami, mantendo-se elevadas até 19 de março. Foi nesse dia que as autoridades começaram a pulverização de água na piscina de resfriamento do material radioativo do reator da unidade 4. Para os pesquisadores, isso contradiz os relatórios do governo japonês que diziam que as piscinas não liberavam radiação – e indica que o impacto poderia ter sido menor se fossem tomadas medidas mais cedo.

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A discordância entre as informações do governo japonês e desse novo estudo pode ser explicada, pelo menos em parte, pelo conjunto de dados analisados. Enquanto pesquisadores japoneses só usaram dados de estações de monitoramento do seu país, o estudo do Instituto Norueguês usou estações de monitoramento em todo o mundo, englobando grande parte da radiação enviada sobre o Pacífico e a América do Norte.

Segundo os pesquisadores, apenas cerca de 20% da radiação caiu sobre o Japão: a maior parte caiu sobre o Oceano Pacífico. Os efeitos disso sobre a vida aquática ainda estão sendo avaliados.

(Via Nature News)

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