No finalzinho de agosto, Miley Cyrus lançou seu novo disco Miley Cyrus & Her Dead Petz, sucessor de Bangerz e quinto álbum da carreira da cantora. Contando com 23 faixas, ele foi lançado de forma independente pelo selo Smiley Miley. Está hospedado no Soundcloud e pode ser ouvido de graça no site oficial da cantora.
A iniciativa de Cyrus é audaciosa. Ao permitir que todos possam ouvir suas músicas de forma oficial e gratuita, a cantora dá indícios de estar caminhando por uma estrada um tanto quanto diferente da maioria dos colegas de mídia – Titia Taylor não curtiu.
O álbum contrasta momentos mais tristes (o que já era de se esperar pelo título) com sons um tanto quanto catárticos. Catárticos em diversas formas e situações, tal como na faixa apresentada no fim do VMA, “Doo It”, onde Miley expõe, novamente, que não se importa com os julgamentos alheios.
De uma forma mais seca, o CD carrega musicas com um caráter bem experimental. Temos sons eletrônicos, sintetizadores, violões, pianos, distorções na voz… a lista é longa. Apesar de os elementos serem bem diferentes, eles conseguem se comunicar facilmente.
Você pode sair de “BB talk”, que é bem engraçada por sinal, e ir para “Karen Don’t Be Sad” sem ter aquela sensação de que as faixas não estão na ordem certa. As músicas conseguem se comunicar bem por todas apresentarem aquele som experimental, e também pelo fato de que o CD (composto com Wayne Coyne dos Flaming Lips) se apoia em pilares musicais. Dá para dizer, numa análise bem crua, que as músicas se apoiam em quatro pilares.
Por exemplo: começamos com “Doo IT”, em que Miley toma uma postura mais contestadora perante a sociedade e usa um som mais experimental/levemente indie/bem descontraído e até que dançante. Saímos então para Karen “Don’t Be Sad”, que ainda mostra uma vocal que não abaixa sua cabeça perante aos julgamentos, mas que tem uma abordagem mais leve e calma.
Depois caímos na fossa emocional com “The Floyd Song (Sunrise)”, mais animada do que “Karen” e extremamente mais triste. Nesse ponto, a cantora se abre mais e expõe suas feridas emocionais. Vamos em seguida para “Something About Space Dude”. Nela, Cyrus se abre emocionalmente, só que dessa vez mais focada na relações amorosas, embalada por batidas mais inebriantes.
Desse ponto em diante, as músicas seguem os mesmos estilos dessas quatro faixas, apenas trocando algum elemento por outro ou se misturando. Por exemplo: “Fweaky” tem a temática amorosa de “Something About Space Dude” somada ao lado descontraído e dançante de “Doo It”, mas com um toque da tristeza de “Karen Don’t Be Sad”.
Mas, ATENÇÃO! Isso não desmerece o álbum de forma alguma. Apenas torna ele mais “organizado”. Afinal de contas, se as músicas forem realmente honestas e íntimas como parecem, elas têm que se comunicar e organizar de alguma forma, uma vez que refletem a psique da cantora.
É interessante, também, levantar o fato de que, em boa parte das letras, a cantora mostra, de uma forma incrivelmente introspectiva, sua visão sobre toda a fase que sucedeu a transição Hannah Montana e tudo o que a envolveu. Vide a faixa “Cyrus Skies”.
No geral, Miley Cyrus & Her Dead Petz passa longe de ser um disco pop focado nos Hit Charts das baladas. Ele consegue trazer consigo um som mais desconstruído (semelhante ao The Family Jewels de Marina and The Diamonds) e leve, contando com poucas variações nos vocais e um ritmo mais regular durante o álbum todo. Ritmo esse que leva a um dos problemas: com exceção às letras, as musicas soam muito idênticas e, portanto, dificilmente se destacam entre si.
Em suma, Miley Cyrus & Her Dead Petz mostra uma cantora com uma mente mais amadurecida, focada num visão maior do mundo e dos que o habitam. Mostra, principalmente, os sentimentos de Miley de forma honesta, sendo eles, em maior parte, tristes. É um disco que vale a pena ouvir prestando bastante atenção às letras.
Então, pega o chocolate quente, bebe rápido e usa a caneca para recolher as lagrimas que vão rolar. Sério! “Pablow The Blowfish” vai te fazer debulhar em lágrimas.