Imagine como é a sensação de estar conectado mentalmente com mais sete pessoas. Sentir, ouvir, ver, partilhar cada um dos sentidos. Imagine também que, através dessa ligação, você possa estar em lugares diferentes a qualquer momento, ou ainda que, numa situação difícil, seja possível pedir uma mãozinha e adquirir habilidades especiais que te ajudem a resolvê-la. Essa é a realidade de oito pessoas na nova série original do Netflix, Sense8.
Para a trama, cada personagem possui uma habilidade especial que se torna útil em várias situações. Não são superpoderes, são habilidades comuns que foram desenvolvidas na vida de cada um deles:
– Um policial de Chicago com um pai problemático devido ao álcool (Will)
– Uma DJ islandesa que mora em Londres e acredita ser amaldiçoada (Riley)
– Um ator latino que não saiu do armário e é rei na arte de mentir (Lito)
– Uma farmacêutica prestes a se casar em Mumbai (Kala)
– Uma coreana que trabalha na empresa da família e que manja de artes marciais (Sun)
– Um motorista corajoso que se desdobra pra conseguir remédios para a mãe em Nairóbi (Capheus)
– Um ladrão de Berlim (filho e sobrinho de ladrões, com um primo ladrão – é muito ladrão!) que também é chaveiro e é mestre na pancadaria de rua (Wolfgang)
– Uma hacker transexual lésbica que mora em São Francisco e tem uma mãe extremamente difícil de lidar (Nomi)
No início, a única ligação aparente entre os protagonistas é a visão de uma mesma cena: uma mulher loira, desesperada, sentada num colchão no meio de uma igreja em ruínas, que dá um tiro na própria boca. Parece confuso, mas o interessante é que você entende toda a situação junto com os personagens com o passar do tempo. Aprender a lidar com a ligação do cluster, descobrir como fazer uso da ligação “sensate” e saber qual a ligação entre os oito personagens são os grandes desafios nessa temporada.
“Calma, eu juro que desta vez eles não vão estar todos mortos no final”
A série, muito promissora, conta uma história totalmente nova e diferente de qualquer proposta atual já vista. As cenas são muito bem trabalhadas e, apesar de parecer uma bagunça total, a organização dos dois pontos de vista (o real e o “sensate”) deixa claro o que se passa. Mas é necessária paciência do telespectador – a trama, às vezes, é lenta e confusa. Por isso, que fique claro que não é uma série pra qualquer um.
Além disso, a série quebra com todos os padrões da família tradicional, humanizando os personagens LGBT e evitando que a orientação sexual seja seu único aspecto importante. A presença deles na história e a forma como são fundamentais também serve para mostrar que personagens de minorias pouco representadas podem fazer toda a diferença – não só na série, mas na vida.
Rotina matinal: isso sim é que é bad hair day
Enfim, se você deseja começar a assistir (e deveria!), por favor, tenha tempo para isso. Não é o tipo de série que você começa, vê dois episódios e consegue parar pra voltar mais tarde. Há muito tempo eu não encontrava nada que me fizesse ficar acordado até tarde para terminar.
E uma dica: se você já fica constrangido de estar sentado no sofá com sua mãe do lado quando começa a passar uma cena mais “caliente” na TV, definitivamente essa não é uma série para você assistir junto da família. E não se esqueça de usar fones de ouvido!