Com um medo atávico de que o telespectador mude de canal, as emissoras americanas estão acabando com uma (mini)forma de arte: a abertura dos seriados. Há algum tempo eles já estavam sendo reduzidos ao mínimo básico (como esquecer dos clássicos créditos de Lost?). Hoje, praticamente viraram opcionais – os hits Glee (Fox) e Once Upon a Time (Sony), por exemplo, só tem o chamado “title card” (um breve frame com o nome do show). A novidade da HBO House of Lies não tem nem isso!
É uma pena. Quando bem executada, uma boa abertura pode ser tão prazerosa quanto o próprio show – como prova o primeiríssimo colocado da nossa lista abaixo (exclusivamente composta de séries atuais). Mas comecemos pelo final:
10. Parenthood
Nos EUA, as cenas do passado e presente da família Braverman são embalados por “Forever Young”, de Bob Dylan. No Brasil, pelo canal Liv, a canção é “When We Were Young”. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: um tocante retrato de uma família que está sempre envelhecendo, mas não necessariamente mudando.
9. CSI
A prova de que mesmo um arroz-com-feijão (cenas apresentando os personagens, intercaladas com momentos de ação) pode ser elevado ao status de gênio com a mera escolha da música apropriada. Deu tão certo que canções do The Who foram escolhidas também para a abertura dos spin-offs CSI: Miami e CSI: New York.
8. House
Músicas com letras ajudam (e muito) a tornar uma vinheta inesquecível. Mas não são essenciais. Vide o exemplo de House, com a faixa “Teardrop”, do Massive Attack. Inteligente, classudo e direto – ou seja, igualzinho ao próprio House
7. Homeland
Para tentar exemplifica a confusão na mente de Carrie Mathison , uma agente da CIA brilhante mas que sofre de transtorno bipolar, foi escolhida uma cacofonia que mistura jazz, frases da personagem e de colegas dela, barulhos de sirenes e discursos políticos. Por incrível que pareça, funciona.
6. True Blood
Uma sucessão de imagens perturbadoras que faria a Samara, de O Chamado, morrer de inveja é coroada com a sexy canção folk rock sulista de Jace Everett. “Antes que a noite acabe, vou fazer coisas terríveis contigo”. Yes, please!!!
5. Dexter
Atividades cotidianas mostram, com sutileza genial, que todo mundo age um pouco como serial killer: quando esfaqueamos um bife, quando nos cortamos fazendo a barba, quando amarramos com força o cadarço do tênis. Para a canção, os produtores afirmam que queria algo na direção oposta à da série: “Usar uma música cheia de suspense seria muito clichê”.
4. Mad Men
Don Draper é um bem sucedido publicitário, mas que guarda um grande segredo. A melhor maneira de representar este homem sem identidade à beira do abismo é… jogá-lo numa queda livre em meio aos anúncios que representam sua vida.
3. The Big Bang Theory
Ninguém tira da nossa cabeça que essa sequência é uma janelinha para a mente de Sheldon Cooper: cheia de informações, acelerada e com um senso de humor muito próprio. (PS: Alguém aí gostaria de uma P&R na qual a gente explica tintim por tintim tudo que é dito e mostrado nesta abertura? Postem nos comentários!)
2. Game of Thrones
O desafio: como tornar a vinheta uma ferramenta didática sobre o mundo de Westeros, mas sem deixá-la chata? O resultado: uma belo passeio pelos principais reinos de cada temporada, que ganham vida como se fossem complexas caixinhas de música.
1. Os Simpsons
Depois de 24 temporadas, a gente ainda não se cansou desta abertura. Mérito dos roteiristas, que, em todo santo episódio, pensam em uma nova frase para Bart escrever na lousa, em um novo solo de saxofone para Lisa e uma nova “piada do sofá” para concluir tudo. (Há dois anos, eles acrescentaram também uma piada itinerante extra, num outdoor em Springfield). Como se isso não bastasse, só de ouvir a trilha de Danny Elfman a gente já fica com um sorriso feliz no rosto (afinal, os Simpsons vêm aí!)