Não adianta disfarçar: crianças percebem quando pais discutem
A partir dos 2 anos, elas já entendem os sinais sutis de que algo não está bem entre o casal
A partir dos 2 anos, as crianças já percebem que o tom alto da voz e as agressões físicas ou verbais significam que os pais não estão se dando bem. E são muitas as que veem isso. De acordo com um relatório da PUC-RS feito com 200 crianças e adolescentes, metade vê os pais brigarem na sua frente e, em 70% desses casos, os pais ainda por cima permitem que elas assistam à discussão. Isso faz mal, muito mal. Segundo uma pesquisa da Santa Casa do Rio de Janeiro, 72% das crianças atendidas com transtornos emocionais estão acostumadas a ver os pais discutindo em casa.
Isso quer dizer que todo desentendimento sério entre pais vai afetar tremendamente a criança? Não necessariamente, mesmo se o caso for de separação. Pais que se divorciam geralmente seguem duas dinâmicas: ou deixam os filhos de fora, ou os colocam indevidamente no lugar de juízes, testemunhas de acusação ou advogados de defesa, diz a psicóloga Giselle Groeninga, da PUC-SP. Nesse caso, o que prejudica a criança não é a separação em si, mas colocá-la na linha de frente.
Foi o que confirmou uma pesquisa da Universidade do País Basco com 416 pessoas de 4 a 18 anos. Problemas como introversão, depressão, déficit de atenção e comportamento delinquente aumentaram nas crianças cujos pais tiveram uma separação conflituosa. Já quando o processo foi pacífico, esses transtornos não aumentaram.
Sobre o que os pais discutem?
Os motivos das discussões dos pais, segundo os próprios filhos
17,5% dinheiro
13% incompatibilidade de ideias
10% tarefas domésticas
9% filhos
8% trabalho
Quando os pais se desentendem…
50% brigam na frente dos filhos
86% perguntam aos filhos qual sua opinião
81% falam mal um do outro para os filhos
Fonte: Relatório “Como Os Filhos Avaliam o Relacionamento Conjugal de Seus Pais?”, de Adriana Wagner, PUC-RS