A cidade de faz de conta
Ela tem supermercado, restaurantes, teatro, cinema e pracinhas agradáveis. Uma típica vila holandesa. Mas nada disso é o que parece
Débora Medeiros
Hogewey é um lugar pacato e charmoso, com 23 casinhas simpáticas, um restaurante agradável e várias opções de lazer para os cerca de 150 moradores. Poderia ser apenas mais uma vilinha qualquer no norte da Holanda. Mas é uma cidade de faz de conta – que foi construída dentro de um asilo para idosos portadores de doenças mentais. A ideia é que eles façam compras, frequentem o teatro, se encontrem para comer ou bater papo pelas ruas da vila, levem a vida como se estivessem numa cidade de verdade, mas protegidos dos perigos do mundo real. “Os pacientes podem sair para o café ou para o supermercado sempre que quiserem, em um ambiente totalmente seguro”, descreve o arquiteto Michael Bol, que projetou a vila. Ela fica na cidadezinha de Weesp, de apenas 18 mil habitantes, e costumava ser um asilo como todos os outros, até que foi reconstruída em 2009. “Nós quisemos criar um clima de lar, não um ambiente hospitalar”, afirma Bol.
Moram até sete idosos em cada casa. Cada habitação tem decoração personalizada, tentando reproduzir o estilo do lugar onde cada um vivia antes. Os idosos são auxiliados por cuidadores – que usam roupas comuns, não uniformes, e além de cuidar dos velhinhos também trabalham no comércio da vila, como garçons, caixas de supermercado e cabeleireiros. Hogewey é mantido pelo governo, que paga 5 mil euros por mês para manter cada idoso. Alguns dos velhinhos nem chegam a perceber que estão num asilo. E vivem mais felizes.