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A mulher que não consegue esquecer

Jill Price tem uma condição inédita: Ela se lembra de tudo o que aconteceu nos últimos 28 anos. Mesmo

Por Pedro Burgos
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 jul 2008, 22h00

A americana Jill Price se lembra perfeitamente da noite em que decidiu procurar ajuda. Ela tinha 34 anos, e a certeza de que não era normal. “Eu consigo me lembrar de tudo. A memória controla a minha vida. É como um filme que não acaba nunca”, disse ela ao cientista James Gaugh, da Universidade da Califórnia. Gaugh e seus colegas resolveram estudar o caso e descobriram uma capacidade jamais vista: Jill realmente se lembrava de tudo o que havia acontecido em todos os dias desde 1980, de notícias a bobagens cotidianas. Os pesquisadores checaram as respostas da mulher (verificando as informações em jornais e numa enorme coleção de diários que ela escreve desde a infância) e constataram que estava tudo certo. Eles não sabem explicar essa capacidade, que batizaram de síndrome hipertiméstica – do grego “se lembrar” – , mas têm algumas pistas. Vinte áreas do cérebro de Jill, entre elas o córtex pré-frontal (que controla a memória de longo prazo), são maiores que a média. Em compensação, ela tem lateralização anômala – uma confusão na divisão de tarefas entre as duas metades do cérebro, que está ligada ao autismo. Jill não é autista, mas tem depressão. “Minha esperança é que os cientistas consigam descobrir alguma coisa no meu cérebro para ajudar as pessoas que perdem a memória”, diz ela, que acaba de lançar uma autobiografia nos EUA e revela: na prática, ter supermemória nem sempre é bom. “Imagine se você conseguisse se lembrar de todos os erros que já cometeu.”

Recordar é viver?

Algumas coisas que não saem da cabeça dela

• Acontecimentos importantes? Datas históricas? Isso não é nada – Jill sabe até o que comeu em cada um dos dias.

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• Ela se lembra de tudo o que está escrito em sua enorme coleção de diários, que escreve desde os 10 anos de idade (já são mais de mil páginas)

• Na escola, teve desempenho regular – por motivo, sua supermemória só funcionava com acontecimentos do dia-a-dia (não ajudava a decorar a matéria)

• Colecionava vários tipos de objeto, como ursos de pelúcia, bonecas e discos. Acabou juntando tanta coisa que, 5 anos atrás, teve de mandar tudo para um armazém.

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• Jill foi uma criança chatinha: irritava os pais corrigindo todos os detalhes das histórias de família que eram contadas da Natal.

 

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