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As tragédias. E depois

Editorial da edição de setembro da Super

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 4 jan 2015, 22h00

Denis Russo Burgierman, diretor de redação

O passado recente foi marcado por tragédias. O desastre aéreo que matou o candidato, o suicídio do professor da Sociedade dos Poetas Mortos, a hepta-humilhação futebolística, e tantas outras coisas – teve desgraça para todos os gostos. Independente da sua inclinação política, cinematográfica ou futebolística, é bem provável que pelo menos uma dessas desgraças tenha tocado você. Se é esse o caso, sinto muito.

Tragédias são importantes.São momentos de empatia, de abraços, de reconhecer a dor do outro. São também oportunidades para parar de correr atrás da vida e tomar um fôlego. De olhar para trás e repensar o caminho à frente. Só que, neste nosso mundo hiperconectado de hoje, veloz e tecnológico, às vezes temos a sensação de que é impossível parar. Ficamos saltando de novidade em novidade, sempre ocupados, sempre atrasados, adiando o que não é para ontem.

Preparamos esta edição com isso tudo em mente. Queríamos entregar a você algo que ajudasse a refletir e a olhar as coisas com perspectiva. A começar pela reportagem de capa, sobre a busca de foco na vida. Suspeitamos que você, como nós, também está incomodado com uma sensação de que, em meio a tantos estímulos, estamos perdendo a capacidade de conectar no que importa e realizar as coisas. Preparamos então dez páginas de dicas bem práticas para lidar pacificamente com a complexidade da vida. Tudo baseado no relato do repórter Alexandre de Santi, que conhece o assunto porque teve que brigar com ele, e organizado pelo grande Emiliano Urbim, editor de primeira que está nos trocando pelos encantos do Rio. Esses gaúchos não resistem a Copacabana.

No resto da edição nos esforçamos para entender o sentido de tanta coisa que está acontecendo à nossa volta, aprofundando histórias que julgamos mal contadas por aí. A repórter pernambucana Camila Almeida e a designer baiana Inara Negrão engataram uma parceria transnordestina para produzir uma ampla visualização de dados que ajude a entender por que falta àgua (e não só no sertão). O decano do jornalismo de ciência no Brasil, Salvador Nogueira, foi visitar o local de trabalho do premiado matemático brasileiro Artur Avila: o interior de seu osso craniano. Nosso time foi em busca de mosquitos transgênicos, políticos honestos e meninos-soldados.
E, no Essencial, pincelei um assunto que ainda vai dar pano para manga: o ódio que parece estar tomando o mundo, não só na faixa de Gaza, mas também na timeline do meu e do seu Facebook. Procurei mostrar que tanta raiva é justamente consequência da perda de uma das mais sofisticadas capacidades humanas: a empatia. Que as tragédias sirvam para nos ajudar a desconectar do ódio e a focar nossa energia em coisas mais produtivas.

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