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China vai barrar viagens de avião de quem tiver “pontuação social” ruim

O sistema, parecido com o apresentado em Black Mirror, irá vigiar constantemente o comportamento dos chineses e definir quem merece, ou não, viajar

Por Felipe Sali
19 mar 2018, 15h08

Aconteceu primeiro em Black Mirror. O episódio inaugural da terceira temporada fala sobre uma sociedade guiada por um sistema de pontuação que define onde você pode entrar, morar e até se deve ganhar descontos na compra de produtos. Para ganhar mais pontos, você precisa ser agradável, ético, um bom funcionário e amigo. A personagem principal da história não aguenta a pressão pela busca de uma pontuação maior, entra em crise e acaba na cadeia.

O seriado mostrou uma versão pessimista sobre a adoção de ranqueamento social na vida civil, ao contrário do que pensa o governo Chinês, que anunciou a implantação de um sistema muito parecido de crédito social e acredita que isso criará um ambiente em que “a confiança será valorizada”. A pontuação será dada, inclusive, a partir dos dados de consumo dos chineses. Alguém que, por exemplo, passa muito tempo online jogando videogame, será considerada uma pessoa ociosa e perderá pontos por causa disso. Já aquele que comprar muitas fraldas para o seu filho, ganhará pontos por ser um pai com senso de responsabilidade.

Pessoas com baixas classificações terão, por exemplo, internet mais lenta, acesso restrito a restaurantes e poderão até pagar aluguel mais caro. Além disso, não poderão ser contratadas para certos empregos, como jornalista e advogado. Até os seus filhos sofrerão as consequências, sendo impedidos de estudar em escolas de elite.

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O sistema será implantado aos poucos até 2020, mas já vemos alguns indícios de como ele funcionará. A partir de maio, cidadãos chineses que cometeram atos de “séria desonra” e estiverem com créditos sociais baixos não poderão viajar de trem ou avião por até um ano.

Um dos problemas do ranking social é que os critérios não são muit claros. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China declarou apenas que a restrição poderá ser desencadeada por uma “ampla gama de infrações” e que tudo é controlado por meio de um “algoritmo complexo” e Big Data. As ações que tiram pontos dos indivíduos incluem desde a difusão de falsas informações sobre terrorismo, até fumar em trens. Quanto cada infração interfere na pontuação e qual seria o mínimo para conseguir viajar? Ainda um mistério.

A ordem foi assinada pelo presidente Xi Jinping e oito ministros, incluindo um da Suprema Corte, além do órgão regulador de tráfego aéreo do país. Isso é muito Black Mirror, claro, mas pode ir além – se não houve melhorias na transparência do sistema de pontuação, a novidade pode evoluir por caminhos obscuros – até nos pegarmos falando que isso é muito George Orwell.

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