Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como é o tráfico na favela?

Os criminosos se organizam em uma hierarquia preocupada em garantir duas coisas: o abastecimento de drogas e proteção

Por José Carlos da Silva, Henrique Camargo
Atualizado em 16 nov 2016, 17h32 - Publicado em 1 out 2004, 01h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Os pontos de tráfico de drogas, conhecidos como “bocas”, operam como empresas, escondidos em favelas e bairros pobres das grandes cidades. Os criminosos se organizam em uma hierarquia preocupada em garantir duas coisas: o abastecimento constante de cocaína, maconha e outros entorpecentes e o sistema de proteção contra a polícia ou quadrilhas rivais.

    Publicidade

    Para garantir a eficiência do negócio, são contratados diversos funcionários. O esquema de segurança e a acirrada disputa entre traficantes põem em risco a vida de compradores e moradores da favela. “Até chegar à boca, o usuário tem que andar na favela. Ele é avaliado e nem percebe. Se os seguranças pensarem que ele é um policial disfarçado, atiram”, diz o delegado Carlos Roberto Alves de Andrade, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do Departamento de Narcóticos de São Paulo.

    Publicidade

    Como a polícia deveria agir?

    Uma investigação prévia e detalhada que inclua levantamento topográfico e informações de um policial à paisana. Policiais treinados em artes marciais e com preparo psicológico para enfrentar situações de risco sem necessidade de recorrer às armas de fogo. Um planejamento passo a passo da ação na favela. Nenhuma morte.

    Segundo o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, supervisor do GOE (Grupo de Operações Especiais), essa é a fórmula ideal para derrubar uma boca.

    Publicidade

    Infelizmente, existem pouquíssimos grupos capacitados para esse tipo de ação no Brasil. Para se ter uma idéia, na Grande São Paulo, onde a população é de 16 milhões de habitantes, o GOE conta apenas com 200 policiais com esse treinamento. “Sem preparação, fica difícil fazer uma incursão eficiente dentro de uma favela, onde o ambiente é hostil para quem não o conhece”, diz Araújo.

    Continua após a publicidade

    Crime organizado

    Vários funcionáriosestão envolvidos noesquema de tráfico

    Aviõezinhos

    Publicidade

    Os garotos que levam a droga da boca para os clientes são mais comuns no Rio de Janeiro. Em São Paulo, onde as favelas são planas, a distância entre a boca e o consumidor é pequena e o serviço deles nem sempre é necessário

    Alto escalão

    Publicidade

    Traficantes de maior hierarquia ficam posicionados sobre lages e barracos, onde podem se proteger melhor e atirar em caso de tentativa de invasão. Carregam fuzis, ideais para combates a longa distância

    Continua após a publicidade

    A boca

    Publicidade

    Geralmente fica perto de riachos, esgotos ou barrancos, para dificultar a chegada da polícia. Em uma mesma favela, podem existir várias bocas e nem toda a droga fica aqui. Barracos conhecidos como “paiol” são usados para armazenamento de grandes quantidades e da munição da quadrilha

    Gerente da boca

    É responsável pela chegada da droga e pela contratação do pessoal. É ele que comanda toda a operação dentro da favela e, por isso, é sempre alguém de muita confiança do dono da boca

    Continua após a publicidade

    Seguranças

    A função deles é proteger os arredores da boca da polícia e de traficantes rivais. Eles usam armas próprias para combate a curta distância

    Enquanto isso

    O dono da “boca” não lida diretamente com a venda da droga. Ele comanda o tráfico de um barraco ou casa afastada, por meio dos gerentes. Bocas bem-sucedidas podem transformar traficantes em homens ricos e bem de vida

    Continua após a publicidade

    Invasão ideal

    Como agem osgrupos mais bemtreinados da polícia

    Formação de grupo

    A equipe que faz a invasão da boca de maior movimento reúne os policiais mais bem treinados. Ela é formada por seis homens organizados de forma que todos estejam protegidos em caso de ataque dos traficantes

    Policial paisanao

    Disfarçado de morador da favela, o policial à paisana investiga a localização e o esquema de trabalho das bocas, quem são os donos e seguranças e o tipo de armamento utilizado. Durante a ação, ele só participa se for necessário

    Continua após a publicidade

    Entrando na boca

    A polícia conta com um especialista em explosivos para o caso de os traficantes se esconderem nos barracos. Bombas de efeito moral, como gases pimenta ou lacrimogêneo, são usadas primeiro. Em último caso, são utilizados explosivos para arrombar portas, janelas e paredes

    Olho poe olho

    A troca de tiros só deve ocorrer se os traficantes começarem a atirar. “Eles decidem as armas que vamos usar: se querem fogo, usamos fogo”, diz o delegado Clóvis de Araújo, do GOE. Armas não letais, que não colocam a vida de ninguém em risco, devem ter prioridade

    Negociador

    O negociador entra em ação quando há algum refém. Ele tem que tentar convencer o bandido a soltar o prisioneiro sem que, para isso, haja necessidade de confronto

    Imobilização

    Os policiais passam por um treinamento de artes marciais com enfoque na imobilização do inimigo. É uma mistura de várias lutas, como judô, jiu-jítsu, tae kwon do. Devem usar essas habilidades sempre que for possível evitar o uso de armas de fogo

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.