Como ensinar seu filho a dormir
Boa notícia para pais desesperados: a ciência já descobriu como fazer o bebê dormir bem - e você também
Pequenos humanos nascem sem saber dormir. Precisam aprender, ou criar o que os cientistas chamam de condicionamento, mas que você também pode chamar de hábito. Descartados problemas de saúde, como refluxo ou apneia, todas as crianças podem aprender a dormir bem a partir dos 3 meses de idade. Veja dicas de como fazer esse sonho acontecer.
3 meses
É entre os 3 e 5 meses que começa a produção de melatonina, o hormônio secretado pela glândula pineal que regula o sono. Agora o bebê já é capaz de perceber o dia e a noite. Antes disso, pode esquecer: os bebês não têm horário e costumam dormir de três em três horas. Para começar a criar bons hábitos de sono, capriche na rotina antes de dormir: tomar banho, vestir pijama, apagar as luzes, musiquinha. “Esse processo deve durar uns 20 minutos, para que o bebê se acalme e entenda que é hora de repousar”, afirma a neurologista Márcia Pradella-Hallinan. Ofereça também um bichinho de pelúcia ou paninho com o qual o bebê possa passar a noite – o objeto vai deixá-lo mais seguro e ajudar a dormir de novo quando despertar antes da hora.
6 meses
Agora o bebê já está maior e é realmente capaz de aprender a dormir sozinho. Fica mais tempo acordado durante o dia, se alimenta em intervalos regulares, mas ainda é normal que acorde até duas vezes por madrugada. Caso o pediatra descarte qualquer problema de saúde, os despertares podem ser culpa de um mau hábito, como dormir mamando. A criança associa o sugar e o leite a dormir, e pode querer fazer isso a cada vez que despertar só para pegar no sono de novo. Tente seguir a rotina e colocá-la no berço ainda acordada, com seu paninho de dormir, para que adormeça sozinha. Uma luz azul suave (de 8 watts) no quarto também pode ajudá-lo a engatar o sono. Ela tem a mesma frequência das ondas que aparecem no eletroencefalograma quando estamos dormindo.
+ 2 anos
Ele já está grandinho, mas ainda é um drama colocá-lo para dormir: se levanta, pede água, diz que quer brincar. Durante a noite, ainda costuma acordar e chamar a mamãe ou o papai. “Uma vez que o bebê se acostuma com maus hábitos, mais profundas serão as raízes do problema”, afirma Suzy Giordano – brasileira que é mãe de cinco filhos e fez fama treinando bebês para dormir nos EUA. Mas nem tudo está perdido. Por outro lado, ele agora já entende tudo. Você pode conversar e explicar que ele já é grande e pode dormir sozinho ou até criar incentivos como um quadro de reforço positivo. Pode ser um daqueles de ferro com ímãs diferentes. “A cada noite que a criança dormir bem, ganha um ímã de estrelinha, por exemplo. Quando juntar cinco estrelinhas, ganha alguma coisa que gosta, como um passeio no parque ou um sorvete”, diz Márcia Pradella-Hallinan.
POLÊMICA NO BERÇO
O treinamento para dormir envolve deixar o bebê chorando um pouco até que adormeça sozinho – o que costuma ser normal entre famílias europeias, mas rende muita polêmica no Brasil. Essa técnica, conhecida como Ferberização (graças ao pediatra americano Richard Ferber, do Hospital Infantil de Boston), consiste basicamente em colocar o bebê ainda acordado no berço e esperar que ele adormeça sozinho, sem auxílio dos pais ou da mamadeira – e é aí que costuma vir a choradeira.
Nesse momento, os pais devem esperar um pouco antes de entrar no quarto para acalmá-lo, e com o tempo podem ir aumentando esse intervalo. Primeiro, esperam um minuto antes de aparecer, depois mais dois, e assim progressivamente, até que o neném pare de chorar. Na França, isso é chamado de “a pausa”, aqueles minutinhos entre o bebê chorar e a mãe sair correndo para pegá-lo no colo. Mas o método não é para qualquer um: muitas crianças se desesperam na ausência dos pais, choram muito e podem até vomitar. O próprio Ferber se defende: “Cada criança e cada família é única. O tratamento não é apropriado para qualquer problema de sono”, afirma.
Crianças que choram por mais de meia hora ou aquelas que mesmo sabendo adormecer sozinhas ainda despertam várias vezes à noite precisam de atenção especial. “É necessário investigar se não há outro problema de saúde que a faça ter dificuldades de dormir, como refluxo ou apneia”, afirma a neurologista Márcia Pradella-Hallinan.
Fontes: Soluções para noites sem choro, de Elizabeth Pantley; Nana, Nenê – Como resolver o problema da insônia do seu filho, de Eduardo Estivill e Sylvia de Béjar; 12 horas de sono com 12 semanas de vida, de Suzy Giordano e Bom Sono, de Richard Ferber.