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Como os pais influenciam no fim das amizades dos filhos?

Características negativas dos pais, como manipulação e coerção, têm forte relação com isso – e, acredite, uma educação amorosa não influencia na estabilidade das amizades infantis

Por Ingrid Luisa
14 Maio 2018, 18h44

Que impacto seus pais têm em suas amizades? Depois de adultos, tentamos discernir de quem vale a pena ficarmos próximos ou não. Mas e quando crianças? De acordo com um estudo da Florida Atlantic University, EUA, em parceria com a Universidade de Jyväskylä, Finlândia, características dos pais podem ter influência no término das amizades dos filhos.

Estudos anteriores já demonstraram que o status que a criança ocupa na sua classe, ou seja, como ela é vista pelos colegas (se gostam dela ou não), exerce papel importante na duração das amizades. Mas essa é a primeira vez que a relação das crianças com seus pais também são avaliadas nesse contexto.

Os pesquisadores avaliaram três características da parentalidade: como eles controlavam o comportamento dos filhos, como eles controlavam os filhos psicologicamente e quanto de carinho davam aos filhos. Eles também examinaram relatos de mãe e pai sobre seus próprios sintomas depressivos e estilos de educação dadas aos filhos, além, é claro, de analisarem os status das crianças em suas classes escolares. Os pesquisadores queriam saber se características negativas dos pais, como comportamentos manipulativos e coercitivos, perturbavam as amizades dos filhos.

No total, foram analisadas 1.523 crianças, de 1º a 6º ano das escolas finlandesas – os mais novos tinham, em média, 7 anos. Os resultados comprovaram a hipótese: características negativas da parentalidade, como depressão e controle psicológico, aumentam o risco de rompimento dos filhos com seus amigos. Crianças com pais clinicamente deprimidos têm 104% mais chances de desfazer amizades.

O estudo também confirmou que a maioria dos amigos nessa faixa etária são transitórios: menos de 10% das amizades sobreviveram do primeiro ao sexto ano, com aproximadamente metade (48%) delas se dissolvendo logo nos primeiros 12 meses. Mas uma descoberta surpreendeu os pesquisadores – mais amor não afeta na estabilidade das amizades: “Carinho e afeição não parecem fazer muita diferença. São as características negativas dos pais que são fundamentais para determinar se e quando essas amizades de infância terminam.”, disse Brett Laursen, uma das autoras do estudo.

Os pesquisadores afirmam que pais deprimidos e psicologicamente controladores criam um clima afetivo prejudicial ao bem-estar de uma criança, com problemas que se espalham para suas amizades. “Acreditamos que as crianças com pais deprimidos e psicologicamente controladores não estão aprendendo estratégias saudáveis ​​para se envolver com outras pessoas, o que pode ter consequências a longo prazo para seus relacionamentos futuros”, diz Laursen.

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