João Corrêa Filho
Na última medição feita dos picos brasileiros, na década de 60, o intrumento usado foi o barômetro, que calcula a pressão atmosférica (quanto maior a altitude, menor a pressão). Considerado muito impreciso, o método foi deixado de lado este ano. E o resultado é uma revolução nas altitudes que os livros de geografia anunciam.
O responsável pelas mudanças é o projeto Pontos Culminantes, desenvolvido pelo IBGE, em parceria com IME (Instituto Militar de Engenharia). O projeto está refazendo as medições dos principais picos brasileiros e os números são surpreendentes. A última expedição atravessou a selva amazônica para medir o pico da Neblina e descobriu que a maior montanha do Brasil é 20 metros menor do que se pensava. Passou de 3014 metros para exatos 2 993,78. “Hoje, usamos equipamentos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) que são muito precisos”, diz Carlos Alberto Corrêa e Castro Jr., engenheiro cartógrafo e idealizador do projeto.
Quatro picos brasileiros – Neblina, 31 de Março, Pedra da Mina e Agulhas Negras – já tiveram a altitude alterada. Agora serão feitas expedições a montanhas que nunca foram medidas, o que pode alterar (e muito) o ranking das altitudes do país.
Precisão total
Com GPS é possível saber a altura exata do pico
1. Até o topo
Uma expedição escala o pico e coloca no topo um receptor de GPS. Uma rede de satélites fornece a longitude e a latitude e calcula a altitude. Só que os satélites vêem a Terra como uma elipse perfeita, sem relevo. Isso porque usam como referência uma representação matemática do planeta, chamada de elipsóide
2. Segundo tempo
Como a superfície terrestre é cheia de altos e baixos, é preciso confirmar se a montanha começa abaixo ou acima do elipsóide. Para medir a altura entre o início da montanha e o ponto usado como referência pelos satélites, é usada uma representação do nível do mar da Terra, chamada de geóide
3. Resultado final
A altitude real do pico deve considerar a altura desde o começo da montanha, o geóide, até o pico