Denis Russo Burgierman, diretor de redação
Este sábado que passou fui almoçar na casa de minha mãe, como aliás faço todo sábado. E, como todo sábado, havia visitas para compartilhar do banquete que meu pai adora prover. Veio minha tia, tão querida por nós todos, que nos carregou no colo quando éramos bebês mijões, que acompanhou nossas aventuras de adolescência, que nos deu uma prima que amamos.
Mas minha tia estava diferente. Cinquenta quilos mais magra, ela chegou cansada, nauseada, abatida. Mal conseguimos conversar, lhe faltava disposição. Ela está apanhando de um câncer.
Antes de almoçar, nos sentamos todos nos sofás da sala, buscamos as velhas caixas de fotografias da família e ficamos olhando os retratos das antigas gerações. E, olhando as fotos, ficamos com os olhos marejados de saudades de tios e tias, avôs e avós, bisavôs e bisavós, até de animais de estimação, tantos deles tirados de nós por um câncer. Sei que essa história não é só da minha família – na realidade, hoje em dia são raras as famílias que não têm tragédias causadas pelo câncer.
É claro que não é fácil para alguém que vê uma pessoa querida ser consumida por um tumor evitar a sensação de que esse câncer maldito é um invasor cretino, canalha, filho de uma puta, que vem sabe-se lá de onde para levar de nós as pessoas que amamos.
O problema é que isso não é verdade. O câncer não é um invasor – ele é parte de nós. O câncer da minha tia é uma parte dessa pessoa que adoro, tanto quanto seu humor ácido, tanto quanto sua boca suja, tanto quanto seus ossos que agora aparecem por debaixo da pele.
Isso fica claro quando se lê a reportagem de capa desta edição, um trabalho profundo, feito com muita dedicação por um time entrosado de reportagem, arte e edição. A história que você vai ler a partir da página 44 é uma tremenda notícia boa. Finalmente descobriu-se o que o câncer é: um desequilíbro em nós. Isso muda tudo o que se sabia em relação às melhores estratégias para tratá-lo, curá-lo e, principalmente, evitá-lo.
O câncer certamente ainda vai drenar a vida de muita gente no futuro. Mas está ao alcance de cada um de nós compreender os riscos que corremos, mudar hábitos que nos deixam vulneráveis e, com pequenos ajustes no estilo de vida, viver muito mais, com muito mais saúde. Para isso, não adianta confiar cegamente na medicina – cabe a cada pessoa entender a ciência do câncer, saber o que nos faz bem e mal, compreender nossas tendências genéticas pessoais, diminuir os perigos, aumentar as defesas.
É para isso que a SUPER serve: para trazer informação de qualidade, que tenha o potencial de melhorar sua vida: torná-la mais longa, mais saudável, mais feliz. Quem sabe as informações que organizamos aqui não têm o potencial de, no futuro, ajudar a evitar o derramamento de algumas lágrimas sobre antigas fotos de família? Porque tem uma coisa na qual acreditamos muito: conhecimento pode salvar sua vida.