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Estudo aborda o lado ruim – e pouco comentado – da meditação

Sessões que acabam em alucinações, memórias ruins e sensações físicas desagradáveis são mais comuns do que se imagina – mas não ofuscam vantagens da prática

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
29 Maio 2017, 20h04

Não se preocupem, a SUPER já conhece todos os benefícios da meditação. Estudos afirmam que ela é melhor que férias, que ela impede o cérebro de reagir ao estresse e até que ela é uma boa tática para lidar com as condições de vida péssimas dos presídios indianos. Depois de tudo isso, você ainda pode ver nossa entrevista com o instrutor de mindfulness Bernardo Borges – e tentar aliviar a tensão com ele.

Acontece que, apesar a fama de tática infalível para lidar com o mundo contemporâneo, a meditação pode ter consequências negativas. E agora a ciência está começando a abordá-las.

Um artigo científico publicado ontem analisou os impactos psicológicos e físicos da meditação em seguidores de três escolas e tradições budistas: o Teravada, ou theravāda, mais antigo e conservador, o Zen (nome japonês da tradição chinesa ch’an) e o Tibetano.

Os pesquisadores, liderados pelo professor de estudos religiosos Jared Lindahl e o psiquiatra Willoughby Britton, aplicaram questionários a 60 iniciantes, alunos e professores das três orientações, alguns com mais de 10 mil horas de meditação. A ideia era que eles descrevessem situações em que o mergulho interior não fez tão bem assim para alma, um tipo de relato que nos países ocidentais é, em geral, ofuscado pelos efeitos benéficos da prática.

A bad trip espiritual já tem até nome no Japão: makyo, “o demônio do mundo real”. A palavra, em um sentido mais amplo, pode denotar ilusão ou alucinação, mas aplicada à meditação Zen se refere aos momentos em que uma memória ou sensação ruim, antes perdida em um canto esquecido da mente, aflora.

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Foram colhidos, no estudo, 59 relatos de makyo e seus equivalentes, que foram classificados pelos pesquisadores em várias categorias técnicas (como afetivos, somáticos, perceptuais etc.) Na prática, eles consistiam em sensibilidade à luz e aos sons, distorções na percepção do tempo, náuseas, tiques involuntários, insônia, alucinações, irritabilidade e a lembrança de traumas já esquecidos. Em alguns casos, os voluntários relataram um impacto duradouro e considerável.

Os pesquisadores evitaram associar palavras de teor negativo às experiências sempre que possível, pois muitos praticantes as consideram desafios naturais, intrínsecos à prática religiosa. Entender as maneiras como pessoas com diferentes perfis psicológicos e históricos reagem à cada método de meditação é uma passo importante para entender seus benefícios terapêuticos – e, em último caso, aperfeiçoar seus efeitos.

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