Método inovador permite que mulheres na menopausa engravidem
Inseminação artificial foi possibilitada pela revitalização dos óvulos das pacientes
Um tratamento experimental permitiu que duas mulheres diagnosticadas como inférteis engravidassem. De acordo com a revista científica New Scientist, onde os resultados foram publicados, é a primeira vez que mulheres na menopausa conseguem ter filhos a partir de seus próprios ovários.
Por volta dos 45 anos, as mulheres podem começar a apresentar maiores dificuldades de engravidar por conta de mudanças no corpo associadas à menopausa – iniciada quando a mulher menstrua pela última vez. Além de características como a diminuição da libido sexual e pequenas alterações comportamentais, há também perdas na produção de óvulos em bom estado de fecundação. Em algumas mulheres, tais sintomas podem ser bem evidentes mais cedo – a chamada perimenopausa. Ela afeta mulheres desde os 40 anos, ou mesmo antes.
Buscando driblar os efeitos da menopausa, um procedimento foi desenvolvido em uma clínica ginecológica de Atenas, na Grécia. O método consiste em isolar o plasma rico em plaquetas, porção do sangue que contém alta concentração de fragmentos celulares que ajudam na coagulação, e injetá-lo no útero e nos ovários das pacientes. Iniciaram o tratamento 180 mulheres entre 34 e 51 anos. Muitas delas não chegaram a completá-lo, por apresentarem desregulação nas funções de revestimento do útero.
No entanto, 27 mulheres notaram melhora nos sintomas da menopausa, além de recuperarem seus níveis hormonais e ciclos menstruais – o que permitiu às que desejavam ser mães retomar procedimentos de inseminação artificial com possibilidade maior de sucesso.
Duas delas, uma alemã de 40 anos e uma holandesa de 39, tiveram inseminação bem sucedida e ficaram grávidas. A paciente alemã declarou à New Scientist que já havia sido desencorajada pelos médicos, após receber diagnóstico de perimenopausa e ter realizado seis tentativas. A fertilização in vitro foi feita na Alemanha, e se utilizou de hormônios para a estimulação da produção de óvulos. O embrião se desenvolveu perfeitamente e a gestação já está no sexto mês – ela espera uma menina.
A outra mulher tinha um caso mais raro: não menstruava há 4 anos e já demonstrava comportamentos característicos da menopausa. Um mês após se submeter ao tratamento, a paciente voltou a ter ciclos normais, de acordo com Kostantinos Sfakianoudis, ginecologista responsável pelo procedimento. Ela também teve sucesso na fertilização artificial, sem precisar de hormônios para estimular o ovário a produzir óvulos para fecundação, mas teve um aborto espontâneo logo nos primeiros meses.
A técnica utilizada, que normalmente serve na recuperação de lesões de atletas, nunca havia sido testada para fins de concepção. Quando injetado no corpo do paciente, o plasma rico em plaquetas comumente melhora o processo de recuperação de tendões, ligamentos ou músculos, por exemplo.
Apesar dos resultados muito promissores, algumas questões ainda precisam ser mais investigadas, para que o método possa ser efetivamente empregado. É preciso conhecer melhor, por exemplo, o processo pelo qual as células do ovário são “revividas”, e passam a produzir óvulos melhores. A influência da idade, inversamente proporcional à taxa de sucesso na fecundação, também não foi suficientemente explorada, uma vez que só foram analisados casos de mulheres até 51 anos.