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Método inovador permite que mulheres na menopausa engravidem

Inseminação artificial foi possibilitada pela revitalização dos óvulos das pacientes

Por Guilherme Eler
Atualizado em 31 mar 2017, 15h48 - Publicado em 29 mar 2017, 13h50

Um tratamento experimental permitiu que duas mulheres diagnosticadas como inférteis engravidassem. De acordo com a revista científica New Scientist, onde os resultados foram publicados, é a primeira vez que mulheres na menopausa conseguem ter filhos a partir de seus próprios ovários.

Por volta dos 45 anos, as mulheres podem começar a apresentar maiores dificuldades de engravidar por conta de mudanças no corpo associadas à menopausa – iniciada quando a mulher menstrua pela última vez. Além de características como a diminuição da libido sexual e pequenas alterações comportamentais, há também perdas na produção de óvulos em bom estado de fecundação. Em algumas mulheres, tais sintomas podem ser bem evidentes mais cedo  – a chamada perimenopausa. Ela afeta mulheres desde os 40 anos, ou mesmo antes.

Buscando driblar os efeitos da menopausa, um procedimento foi desenvolvido em uma clínica ginecológica de Atenas, na Grécia. O método consiste em isolar o plasma rico em plaquetas, porção do sangue que contém alta concentração de fragmentos celulares que ajudam na coagulação, e injetá-lo no útero e nos ovários das pacientes. Iniciaram o tratamento 180 mulheres entre 34 e 51 anos. Muitas delas não chegaram a completá-lo, por apresentarem desregulação nas funções de revestimento do útero.

No entanto, 27 mulheres notaram melhora nos sintomas da menopausa, além de recuperarem seus níveis hormonais e ciclos menstruais – o que permitiu às que desejavam ser mães retomar procedimentos de inseminação artificial com possibilidade maior de sucesso.

Duas delas, uma alemã de 40 anos e uma holandesa de 39, tiveram inseminação bem sucedida e ficaram grávidas. A paciente alemã declarou à New Scientist que já havia sido desencorajada pelos médicos, após receber diagnóstico de perimenopausa e ter realizado seis tentativas. A fertilização in vitro foi feita na Alemanha, e se utilizou de hormônios para a estimulação da produção de óvulos. O embrião se desenvolveu perfeitamente e a gestação já está no sexto mês – ela espera uma menina.

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A outra mulher tinha um caso mais raro: não menstruava há 4 anos e já demonstrava comportamentos característicos da menopausa. Um mês após se submeter ao tratamento, a paciente voltou a ter ciclos normais, de acordo com Kostantinos Sfakianoudis, ginecologista responsável pelo procedimento. Ela também teve sucesso na fertilização artificial, sem precisar de hormônios para estimular o ovário a produzir óvulos para fecundação, mas teve um aborto espontâneo logo nos primeiros meses.

A técnica utilizada, que normalmente serve na recuperação de lesões de atletas, nunca havia sido testada para fins de concepção. Quando injetado no corpo do paciente, o plasma rico em plaquetas comumente melhora o processo de recuperação de tendões, ligamentos ou músculos, por exemplo.

Apesar dos resultados muito promissores, algumas questões ainda precisam ser mais investigadas, para que o método possa ser efetivamente empregado. É preciso conhecer melhor, por exemplo, o processo pelo qual as células do ovário são “revividas”, e passam a produzir óvulos melhores. A influência da idade, inversamente proporcional à taxa de sucesso na fecundação, também não foi suficientemente explorada, uma vez que só foram analisados casos de mulheres até 51 anos.

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