Bárbara Soalheiro
Literalmente, pin hole significa furo de agulha. Na fotografia, é o nome da técnica que, no lugar de lentes, usa um único furo (de agulha, claro) para captar a imagem. O minúsculo orifício é capaz de registrar o mundo em imagens múltiplas, vivas e cheias de personalidade
Distorções à vista
Uma câmera pin hole é bem simples de fazer (veja na próxima página). O requisito básico é que ela seja completamente escura. Por isso, muita gente escolhe latas de alumínio como matéria-prima. Como a lata é curva, a projeção acaba ficando distorcida, como nas imagens desta página. Quanto mais curvo o papel fotográfico estiver, maior será a distorção da foto
Muitos olhares
Uma das máquinas usadas pelo grupo gaúcho Lata Mágica é uma caixa com 20 furos, dispostos em quatro linhas. Esta foto mostra o trajeto do fotógrafo pela rua Andradas, no centro de Porto Alegre. Cada furo projeta a imagem no pedaço de papel fotográfico atrás dele. A foto abaixo é coletiva. Cada um dos integrantes do grupo “clicou” uma das linhas de furos da caixa
Defeito ou efeito?
O tempo de exposição na técnica pin hole tem de ser bem longo. No mínimo 30 segundos são necessários para que a imagem seja impressa no papel. Assim, se a pessoa ou o objeto que está sendo fotogrado se mexe, a foto capta o movimento. O resultado é uma imagem “fantasmagórica”. Os apaixonados por pin hole acreditam que nenhuma outra técnica é capaz de captar a realidade tão bem. Para eles, a pin hole fotografa não só coisas e pessoas, mas o momento
Obras do acaso
Nada é muito previsível na fotografia pin hole. Primeiro porque a câmera não tem um visor para que o fotógrafo observe a imagem previamente. Além disso, como o tempo de exposição é longo, nunca se sabe o que pode acontecer durante o “clique”. Nesta foto, a câmera, sem querer, foi apontada rapidamente em direção ao céu e um raio de sol – o risco no meio da foto – acabou sendo captado pelo furo de agulha
Também em cores
As máquinas pin hole não precisam usar só papel fotográfico. É possível utilizar filme e fazer fotos coloridas. A técnica é bem parecida, mas o tempo de exposição usando filme deve ser bem menor, já que ele é bem mais sensível à luz do que o papel
Igual à sua
Uma foto pin hole pode ficar idêntica às convencionais. Para isso, apóie a máquina em um lugar bem firme, para que a imagem não fique tremida, e escolha um objeto imóvel. O tempo de exposição deve variar de acordo com a quantidade de luz. Trinta segundos são o mínimo quando há bastante sol (entre 10 e 16h)
Câmeras customizadas
A máquina usada para essa foto foi construída com uma caixa de papel. Na hora de fazer o furo da caixa (aquele feito com o prego, nas máquinas à base de lata), o fotógrafo optou por rasgar um pedaço. A intervenção na própria máquina determina, mais tarde, qual vai ser o formato da imagem
Faça sua máquina
Você vai precisar de:
• Uma lata com tampa metálica
• Martelo e prego
• Cartolina preta
• Fita isolante
• Folha de alumínio dura (tipo tampa de marmitex)
• Uma agulha fina
• Papel fotográfico
Como fazer:
1. Com o prego e o martelo, faça um furo no centro da lata
2. Corte uma tira de cartolina preta grande o suficiente para dar a volta completa dentro da lata. Faça um rasgo no local do furo. Forre também o fundo e a tampa
3. Recorte um quadrado de 4×4 cm de papel alumínio. Pelo lado de fora da lata, fixe-o sobre o furo com fita adesiva.
4. Com uma agulha, faça um furo bem pequeno no alumínio (bem pequeno mesmo!)
5. Recorte um retângulo de 5×6 cm de cartolina preta e fixe uma das laterais próximo ao furo no alumínio. Na outra ponta, coloque um pedaço de fita adesiva, como se fosse uma dobradiça
6. Num quarto completamente escuro, fixe o papel fotográfico dentro da lata, na parede oposta ao furo. Se precisar cortá-lo, segure-o pelas bordas
7. A máquina está pronta. Apóie-a num lugar firme, retire o pedaço de cartolina que cobre o furinho por algum tempo (30 segundos num ambiente de muita luz) e feche-o de novo. Tire o papel dentro de um quarto escuro e transporte-o em uma caixa vedada até um laboratório que faça a revelação
Para saber mais
Na internet:
Rever – Estudos em Fotografia – https://www.rever.fot.br, luish@rever.fot.br
ONG Imagemagica – https://www.imagemagica.org
Grupo Lata Mágica – latamagica@hotmail.com