Por que avião é tão apertado?
Porque voar não é mais coisa de rico. Hoje, um avião carrega dez vezes mais gente do que há 80 anos. Mais barato, mais apertado
Carol Castro
Quanto mais passageiros (e, portanto, menos espaço), mais gente divide os custos que a companhia aérea tem por viagem, especialmente em combustível, que representa 40% dos seus gastos. Isso já é pensado na fábrica. Na hora de encomendar a aeronave, as companhias negociam com as fabricantes o número de poltronas, o que varia de acordo com a política da empresa e os trajetos que o avião fará. Em geral, quanto mais longo o voo, maior o espaço entre as poltronas. E se a prioridade da empresa for conforto, as passagens serão mais caras. Exemplo: a Tam oferece alguns voos com os mesmos destinos que a finada Webjet. A prioridade da Webjet era vender mais barato, enquanto a da Tam é dar mais conforto. Na maior parte da frota, o espaço útil entre as poltronas da Tam chega a 73 cm; na Webjet, isso costumava ser inferior a 67 cm. A latadesardinhização dos aviões não é algo recente. É um processo de 70 anos.
Acha que os aviões no Brasil são apertados? Tem lugar que é pior
Mais barato
As batalhas aéreas da Segunda Guerra estimularam o desenvolvimento dos aviões, que ficaram mais leves e rápidos. A tecnologia das décadas seguintes os deixou maiores e mais produtivos, o que permitiu aumentar o número de poltronas e diminuir o preço da passagem.
Lata de sardinha
Na década de 1930, aviões comerciais tinham espaço para cerca de 20 passageiros. Hoje, um avião regional acomoda quase 200. O Boeing 747, nos anos 70, chegou à marca de 400 pessoas. E o Airbus A380, o maior do mundo, possui mais de 800 poltronas. Uma festa.
Tamanho da perna conta
Na hora de encomendar um avião, as companhias consideram a distância média entre o glúteo e o joelho dos moradores do país por onde ele voará. No Brasil, a medida varia de 55 cm a 65 cm. Ou seja, em países de baixinhos, como Indonésia e Peru, os aviões são ainda mais apertados.
Fontes Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Embraer; Jorge Barros, consultor aeronáutico; Respício do Espírito Santo, professor de transporte aéreo da UFRJ.