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Por que travamos sob pressão

Até certo ponto, pressão faz bem: você se esforça mais e performa melhor sabendo que tem mais a ganhar (ou a perder). Mas tudo tem limite.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 ago 2019, 13h00 - Publicado em 26 fev 2019, 18h30

Estamos acostumados a pensar no estresse – e em qualquer coisa que cause estresse, como precisar agir sob pressão – sempre como uma coisa negativa. O que a psicologia e a neurociência sabem há muito tempo, porém, é que estressores podem ser incômodos, mas podem ter suas vantagens.

Já falamos há um tempo, por exemplo, da relação entre ansiedade e incentivo que faz pessoas ansiosas tomarem decisões melhores. Mas não é só o raciocínio que pode ficar mais rápido quanto a coisa fica tensa.

Quanto maior a recompensa de um desafio, em geral, melhor a nossa performance nele: até a coordenação motora costuma melhorar.

Mas isso até certo ponto. Quando a pressão é alta demais, e há muito a ganhar (e a perder), a maioria das pessoas trava – e a habilidade cognitiva piora.

Esse fenômeno já foi amplamente registrado em atletas: quanto mais acirrada uma disputa, mais eles vão superando suas próprias capacidades até que pá – eles atingem o limite de pressão que conseguem suportar e, rapidamente, o desempenho vai caindo. A situação é conhecida, em inglês como “choking point”, o ponto em que o atleta metaforicamente “engasga”.

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Uma nova pesquisa entendeu melhor o que acontece no cérebro quando atingimos o tal choking point. E o mesmo estudo ajudou a entender porque, afinal, o corpo parece responder tão bem a desafios até esse limite.

Existe uma área envolvida no controle motor chamada corpo estriado ventral. O corpo estriado em si é uma região que se mete em todo o tipo de atividade cognitiva que você desenvolve: aprender, tomar decisões, fazer planos e torná-los realidade, mas também motivação, reforço e percepção de recompensa.

Muitos desses processos diários acontecem sem que você perceba. E, segundo estudos de neuroimagem, a maior parte dessas etapas envolve uma atividade razoável do corpo estriado.

Nessa região, existe a tal da área ventral, que é ligado ao sistema límbico – a região mais conectada com as nossas emoções. De tudo isso, os cientistas tiram que a região ventral do corpo estriado, portanto, tem tudo a ver com o “controle motor emocional” – o que pode ajudar a explicar porque a pressão e o estresse tem um efeito tão claro sobre a coordenação motora, por exemplo.

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Agora, de volta ao choking point. Em um experimento recente de imagem, cientistas foram desafiando voluntários em pequenos jogos, nos quais eles podiam ganhar recompensas cada vez maiores (mas onde o risco de perder o que eles tinham por um mero errinho também subia).

O joguinho, vale dizer, era uma tarefa tanto física quanto mental: exigia coordenação motora para clicar nos lugares certos. A performance dos participantes ficava melhor quanto maior a recompensa, como já vimos: eles cometiam menos erros na brincadeira quando iam ganhar mais. Até, claro, a pressão ficar grande demais. E aí eles erravam muito mais do que no início.

Olhando para a atividade cerebral dos participantes, os cientistas perceberam que o corpo estriado ventral vai ficando cada vez mais ativo conforme o desafio aumenta. Mas, quando o medo de perder fica grande demais, a atividade diminui – e a conexão com o controle motor no cérebro também cai.

O que os pesquisadores observaram é quase que uma queda de disjuntor na sua casa. Quando você aumenta demais a demanda energética do sistema – ligando aparelhos demais de uma vez – o disjuntor interrompe o fornecimento de energia para proteger a estrutura como um todo. Os cientistas acreditam que estão vendo um fenômeno parecido no cérebro dos participantes.

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Falta muito para entender o fenômeno completo. Tudo indica que a conexão com o sistema límbico seja importante aí: você tem o medo piorando as habilidade e a queda das habilidades deixando o participante com ainda mais medo de perder… E aí, não tem jeito: você trava, mesmo.

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