Barbara Axt
Quanto vale seu corpo? Cem mil reais cobrem suas ambições? Foi esse o valor que o americano Andrew Fischer recebeu em janeiro para estampar na testa o anúncio de um remédio anti-roncos noturnos. Isso mesmo. Para divulgar seu patrocinador, durante 30 dias ele desfilará com uma tatuagem temporária em bares e eventos. E, graças à fama garantida pela testa carimbada, promete cavar aparições nas grandes redes de televisão americanas.
Fischer teve uma idéia inusitada, mas não original. No Canadá, por exemplo, a TatAd promete pagar milhares de dólares a quem tatuar (para sempre) o logo de uma empresa. Em dois meses, já reuniu cerca de mil interessados. E, em 2001, um jogador de basquete da NBA recusou oferta de 15 mil dólares para estampar na pele a marca de um fabricante de doces.
É a necessidade de aparecer num mundo cada vez mais apinhado de informações que está forçando a publicidade a ousar nos formatos. Trata-se de uma estratégia conhecida como marketing de guerrilha, que já ganhou até versão high tech. Em 2004, publicitários usaram o lançamento do filme Eu, Robô para testar uma nova engenhoca. Modelos foram colocadas em um cinema vestindo camisetas que, em vez da tradicional estampa com o logotipo do filme, tinham televisores de tela plana exibindo seqüências de Will Smith (a anatomia das moças foi estrategicamente explorada no posicionamento das telinhas). Será que algum daqueles “homens-sanduíches”, que usam 0 corpo para anunciar compra de ouro, empregos e afins, imaginou que estava na profissão do futuro?