Segunda Chance Ltda.: Empresa americana só contrata ex-presidiários
Conheça o modelo de negócio da companhia "Homeboy": todos os seus funcionários, do estagiário ao presidente, são ex-presidiários
Mila Burns, de Nova York
Orçamento anual de US$ 14 milhões, 300 empregados e atuação em áreas tão diversas quanto alimentação, gráfica e dermatologia. A Homeboy Industries é apenas mais uma empresa de sucesso, exceto por uma diferença: todos os seus funcionários, do estagiário ao presidente, são ex-presidiários. A Homeboy – termo que significa integrante de gangue, em inglês – foi ideia do padre Gregory Boyle, que queria ajudar ex-presidiários a retomarem suas vidas. Mas, como não conseguia convencer ninguém a empregá-los, resolveu abrir o próprio negócio, que começou como uma simples padaria. “Eu não emprego pessoas para fazer pães. Eu faço pães para criar empregos”, diz.
A Homeboy é chefiada por Bruce Karatz, ex-presidente de uma construtora – e condenado por fraude financeira nos EUA. Ele foi o responsável por uma grande expansão da empresa, que hoje tem um restaurante, uma gráfica, uma clínica de remoção de tatuagens e a própria marca de alimentos, cujas embalagens vêm com o slogan “empregos, não cadeia”. A Homeboy também se transformou em ponto turístico para pessoas do mundo inteiro – inclusive algumas que manifestaram interesse em tentar reproduzir a experiência em seus países. Será que algo do tipo daria certo no Brasil? “Claro que sim”, acredita Hector Vergudo, ex-líder de gangue e atual diretor executivo da Homeboy. “Quando as pessoas chegam aqui, dizem que fazemos mágica. Na verdade, o segredo é que o trabalho nos ensina a amar o mundo e, principalmente, a nós mesmos.”