Stephen Hawking explica a inflação
Em sua nova teoria, o cientista mais famoso do mundo diz por que as coisas aumentaram tão rápido no universo
Texto Salvador Nogueira
Quando você vai ao supermercado, vê que os preços estão crescendo. Mas esse não é o único tipo de inflação que existe: há também a inflação cósmica, que é um período de expansão muito rápida do Universo, que aconteceu logo depois do big-bang. Mas como essa inflação ocorreu? Por que o Universo se expandiu do jeito que se expandiu e virou o que virou, com os elementos e forças que conhecemos? Por que a força da gravidade tem a intensidade que tem? Por que os prótons e elétrons têm o tamanho que têm? Ninguém sabe. Mas, em um novo estudo, o físico Stephen Hawking diz ter encontrado a resposta.
Para ele, a inflação foi um acontecimento quântico. Hã? Como assim? É o seguinte: na física “tradicional”, não quântica, as coisas têm comportamentos previsíveis: é possível saber, por exemplo, a trajetória de uma bola antes mesmo de arremessá-la (basta calcular as forças envolvidas). Já no mundo quântico, que rege coisas muito pequenas como átomos e partículas, é impossível prever a trajetória das coisas. Elas fazem todos os caminhos possíveis, e todos ao mesmo tempo. Que doideira, não? Mas, para Hawking, o Universo nasceu exatamente assim: durante a inflação cósmica, tudo aconteceu de todas as maneiras, com as partículas fazendo todas as trajetórias possíveis ao mesmo tempo. O Universo nasceu de infinitas formas. E essa “soma de todas as histórias”, como dizem no jargão da física quântica, é que teria resultado nas coisas como elas são. A nova teoria precisa ser testada, mas já está dando o que falar. Isso porque Hawking usou uma estratégia malandrinha para obter suas equações – ele fez uma espécie de “física reversa”, ou seja, partiu do Universo atual e fez as contas ao contrário, de trás para a frente, para que os resultados dessem certo. Mas ele garante que a teoria funciona. “A nossa proposta pode explicar por que o Universo inflou”, disse Hawking à revista inglesa New Scientist.