Há mais de dois séculos busca-se a fórmula da acústica perfeita dos instrumentos musicais criados pelo luthier italiano Antonio Stradivari (1644-1737). Recentemente, uma equipe de químicos ingleses descobriu que o segredo do som inigualável dos violinos e violoncelos Stradivarius não está – ao contrário do que se suspeitava – no misterioso verniz avermelhado que ele usava. Na verdade, a mágica está literalmente mais embaixo: numa fínissima camada de cinza vulcânica, com 50 milésimos de milímetro de espessura. A descoberta foi possível graças à análise de fragmentos de um violoncelo Stradivarius de 1711, por meio de uma técnica chamada espectroscopia de energia dispersiva.
O exame consiste em bombardear uma amostra do material com elétrons; ele passa, então, a emitir raios X; pelo comprimento das ondas emitidas, fica-se sabendo de que é composto. No violoncelo, achou-se pozolana, material vulcânico típico de Cremona, região do norte da Itália, famosa por suas mostardas, onde Stradivari nasceu e viveu. Ele deve ter usado a pozolana para lixar a madeira e assim prepará-la para o verniz. No final, a cinza deu origem não só a uma acústica esplêndida como tornou os instrumentos mais resistentes – razão por que muitos deles continuam perfeitos até hoje.