A história do Rock – Capítulo 1
O rock é um bebê da música negra dos escravos americanos com o folk do norte da Europa. Veja aqui um pouco sobre os precursores do gênero.
Rock’n’roll é o nome do movimento que levou a música negra para a sala de estar dos brancos dos Estados Unidos. Não apenas a música – também as gírias, o comportamento e a dança sensual dos afro-americanos.
O que soa natural no século 21 escandalizou a elite americana da década de 1950. Os Estados Unidos eram um lugar racista e segregado. A população negra, em algumas partes do país, sequer podia ocupar assentos reservados para os brancos nos ônibus.
Little Richard e Chuck Berry desafiaram a ordem e foram além: sem qualquer cerimônia, seduziram as filhas da classe dominante com seu ritmo. “Rock and roll”, literalmente, significa “balançar e rolar”. É uma alusão bastante clara ao ato sexual.
Àquela altura, já era tarde demais para os tiozões segregacionistas. O rock, um bebê mestiço, representava a miscigenação consumada. Nasceu do cruzamento do blues com a música branca rural.
O blues surgiu no começo do século 20, nos campos de algodão do sul dos Estados Unidos. O canto triste era expressão de lamento e distração do trabalho árduo dos negros na colheita.
Já a música caipira branca tinha duas vertentes: o country, do homem do campo, e o western, dos vaqueiros que conduziam rebanhos em regiões remotas. Ambas descendem da música folclórica do norte da Europa – canções tradicionais celtas, inglesas e germânicas.
Tanto o blues quanto o country & western davam voz a gente simples, de pouca instrução. No Sul, o blues extrapolou a lavoura e ganhou as cidades. Ganhou também letras de conotação sexual quase explícita, obscenas para os padrões do homem branco. Viajou para o norte com os lavradores que buscavam uma vida melhor nas fábricas. Em Chicago, o blues se tornou elétrico e cada vez mais acelerado.
Ao mesmo tempo, o country & western se tornava um fenômeno popular, com a expansão da radiofonia e da televisão, que levavam entretenimento aos cafundós do país. O programa de rádio Grand Ole Opry, transmitido de Nashville, no Tennessee, faz sucesso até hoje.
Brancos e negros lutaram lado a lado na Segunda Guerra Mundial. Depois disso, nada seria como antes. Os negros se rebelaram contra a ordem vigente. Em Chicago, artistas como Buddy Guy e Willie Dixon ganhavam multidões com solos de guitarra e letras safadas. A Chess Records, gravadora fundada por judeus poloneses em 1950, fez história e fortuna com discos de blues destinados aos operários negros.
Até que um dia surgiu um menino caipira branco chamado Elvis. E aí começava a história do rock’n’roll.