Além dos gibis (e da Mônica): as novidades da Maurício de Sousa Produções
Conteúdo multiplataforma e foco em diversidade aproxima ainda mais os famosos personagens da Turma da Mônica de seu público
Quando a primeira tirinha do que viria a ser a Turma da Mônica chegou aos jornais, em 1959, protagonizada por Franjinha e Bidu, nem o próprio Maurício de Souza imaginava onde iria chegar. Além de marca líder na produção de quadrinhos nacionais há décadas, a Maurício de Sousa Produções (MSP) vem expandindo seu conteúdo para diferentes plataformas, gêneros e até países. Na CCXP 2018, o universo de lançamentos foi exposto ao grande público.
“É o terceiro ano que fazemos esse painel para a CCXP. Mostramos o que a MSP quer daqui pra frente: uma expansão de marca, de plataforma, ativando outras licenças que não tínhamos tão fortes através de graphic novels, jogos, youtube, cinema etc”, diz Marcos Saraiva, em entrevista à SUPER.
Ele é Diretor de Desenvolvimento Comercial e líder do núcleo digital da Maurício de Sousa Produções (além de filho da Mônica). Mas o neto de Maurício de Sousa é mais conhecido como o cara por trás de novidades como a conta da Turma da Mônica no twitter – que brilha na internet com seus memes e piadas desde agosto deste ano.
E essa expansão foi mostrada no painel da CCXP 2018. O selo Graphic MSP, que concedeu, pela primeira vez, o direito de outros artistas desenharem os personagens da turminha, anunciou quatro novidades para 2019. Já com 21 títulos no catálogo, no ano que vem finalmente teremos a estreia da personagem Tina, da turma do Rolo, em uma aguardada graphic novel própria, desenhada por Fefê Torquato. A sequência de Mônica – Força, de Bianca Pinheiro, Capitão Feio 2, de Marcelo e Magno Costa, e uma nova releitura de Piteco, por Eduardo Ferigato, fecharam os anúncios feitos pelo (empolgado) Sidney Gusmão – o Sidão, líder do planejamento editorial da MSP.
Mas, além de promover quadrinistas nacionais, a MSP expande seus horizontes para relações internacionais: na CCXP, foram exaltadas as parcerias com a DC Comics e com os personagens de Osamu Tezuka, o “pai do mangá moderno”. Enquanto Astroboy vai virar personagem da websérie Turma da Mônica Toy, Superman, Batman e outros personagens da Liga da Justiça estarão nas revistinhas semanais e até nos mangás da Turma da Mônica Jovem.
Falando em TMJ, finalmente ela ganhará sua tão esperada animação: os personagens ganham vida no ano que vem, pelo Cartoon Network. E não só eles: Astronauta – Propulsão, baseado na obra de Danilo Beyruth (que escreveu quatro graphics MSP do personagem), vai virar série pela HBO.
Dos quadrinhos para a telona
“A ideia é ter o máximo de conteúdo no maior número de plataformas possíveis”, resume Marcos Saraiva. Finalmente, depois de 60 anos, a turminha será vista em carne e osso nas telas do cinema.
O filme Turma da Mônica – Laços, baseado na graphic novel homônima dos irmãos Lu e Victor Cafaggi, teve seu trailer exibido em primeira mão na CCXP. Nele, podemos ver o desaparecimento de Floquinho (cachorro do Cebolinha) e o garoto com cinco fios de cabelo explicando que o plano para recuperá-lo é cada membro da turminha usar sua própria habilidade: “a Magali é muito magla, o Cascão cole lápido, a Mônica é bem folte, e eu sei ilitar pessoas como ninguém”.
Dava para ver a emoção no rosto da plateia assistindo aos personagens da sua infância ganharem vida – inclusive caíram lágrimas dessa repórter aqui. Ao final do trailer, finalmente o personagem de Rodrigo Santoro no longa foi revelado: o Louco.
O diretor Daniel Rezende e as quatro crianças também estiveram no painel, e o teatrinho com cada um “interpretando” os personagens ao vivo levantou sorrisos da plateia. Cebolinha se despediu com um “até a plóxima” e Cascão roubou o microfone para um recado final: “dica: não tomem banho!”.
Diversidade ainda que tardia
Milena, a primeira personagem negra da turminha, nasceu no fim do ano passado. Jeremias, que já é velho na Turma mas nunca tinha tido protagonismo, ganhou uma Graphic MSP só sua esse ano – Jeremias Pele, de Rafael Calça e Jefferson Costa, foi o terceiro livro mais vendido do Brasil em junho de 2018. Agora essa é a prioridade da MSP.
“Mauricio falou na graphic do Jeremias que está corrigindo um erro histórico, que é não ter dado um protagonismo para o Jeremias antes. A gente entende que temos personagens fortes dentro de todos os tipos [Luca é cadeirante, Dorinha é cega, Tati possui síndrome de Down…], e a ideia é essa, apresentar pras crianças que é natural ter diversidade em todo lugar. É normal um menino negro brincando com uma menina branca, com uma criança japonesa, com um garoto cadeirante, outro cego, e é isso que queremos mostrar”, diz Marcos Saraiva.
No painel, foi anunciada uma linha de produtos exclusiva do personagem Jeremias, produção em parceria com a Laboratório Fantasma, marca do rapper Emicida. Quando o cantor apareceu no telão anunciando a novidade, foi ovacionado. A MSP mostrou que só expande suas barreiras, em todos os bons sentidos.