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Alguém já devolveu o Oscar?

Nos quase 100 anos de história do prêmio, três pessoas recusaram o careca dourado. Saiba quem.

Por Eduardo Lima
1 mar 2025, 14h00

Nos quase 100 anos de história da premiação, não há registros de alguém que tenha levado o prêmio para casa e devolvido depois de um tempo, seja lá qual for o motivo.

Houve, porém, três pessoas quem se recusaram a receber o Oscar – e vários casos de venda do troféu para terceiros (um deles envolve um comprador bem famoso: o cantor Michael Jackson). Vamos entender essas histórias.

Oscar? Não quero

Na 8ª cerimônia de entrega do Oscar, em 1936, O Delator levou vários dos prêmios principais da noite, como Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Trilha Sonora. O roteiro do filme também foi homenageado, mas Dudley Nichols foi o primeiro vencedor do Oscar a rejeitar o prêmio.

O motivo que levou Nichols a rejeitar a estatueta foi a solidariedade de classe: os roteiristas de Hollywood estavam em greve na época, e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, não queria reconhecer as reivindicações desses profissionais. Nichols, então, boicotou a cerimônia e, quando recebeu o prêmio pelo correio, mandou-o de volta com uma carta aberta contra a premiação.

Depois que a disputa trabalhista passou, Nichols aceitou o prêmio em 1938. O boicote deu certo: ele acabou se tornando um dos fundadores do sindicato dos roteiristas e presidiu a organização entre 1937 e 1938.

A segunda vez que alguém recusou um Oscar aconteceu em 1971, quando George C. Scott ganhou o prêmio de Melhor Ator por seu papel em Patton. Ele já tinha sido indicado em 1962 e rejeitado a indicação, mas mesmo assim a Academia insistiu.

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Scott chamou o prêmio de “um desfile de carne de duas horas, uma exibição pública com suspense artificial por razões econômicas”. Seu Oscar foi aceito pelo produtor de Patton, Frank McCarthy, mas a estatueta ficou com a Academia.

Dois anos depois, em 1973, aconteceu o terceiro e último episódio de um artista recusando um Oscar. Marlon Brando venceu a categoria de Melhor Ator por seu papel como Vito Corleone em O Poderoso Chefão. Ele já havia ganhado o prêmio em 1954, mas dessa vez enviou a atriz indígena Sacheen Littlefeather em seu lugar para recusar a estatueta.

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O que rolou na sequência foi um dos momentos mais famosos da história do Oscar. Brando era ativo no movimento pelos direitos dos indígenas norte-americanos e teve a ideia de recusar o prêmio para chamar atenção ao movimento de protesto dos nativos que ocuparam por 71 dias a cidade de Wounded Knee, no estado da Dakota do Sul.

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Brando chamou Littlefeather para discursar na premiação, com roupa tradicional dos apaches, e recusar o prêmio em protesto contra o tratamento que a indústria cinematográfica dava aos nativos americanos. Ela recusou encostar na estatueta que o ator Roger Moore levou para casa e só devolveu anos depois, quando a Academia mandou um guarda armado para buscar e foi muito vaiada pelos presentes.

O discurso que Brando preparou para a noite tinha 15 páginas, mas Littlefeather foi ameaçada por um dos produtores do prêmio de ser removida fisicamente se passasse dos 60 segundos no palco. Ela precisou improvisar, e o Oscar instituiu a regra de não permitir discursos em nome de vencedores no futuro. Em 2022, a Academia pediu desculpas pelos abusos que Littlefeather sofreu.

Oscar? Quero e pago caro

A estatueta do Oscar pesa quatro quilos. O corpo é de bronze sólido e folheado de ouro 24 quilates. O custo de produção de cada prêmio gira em torno de US$ 400 (R$ 2.300), mas seu preço na verdade é incalculável: desde 1951, todo vencedor assina um contrato concordando em não vender o troféu – ou, no máximo, oferecê-lo por US$ 1 para que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação, guarde-o em seu acervo.

Na história do prêmio, já foram entregues mais de 3.200 estatuetas carecas douradas, e não há registro oficial de onde todas elas estão. De acordo com Caroline Ashleigh, especialista em leilões entrevistada pelo The Guardian, é provável que cerca de 15o prêmios tenham sido comercializados, por preços entre US$ 10 mil e US$ 1,5 milhão.

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A maioria das estatuetas vendidas foram entregues antes de 1951, quando a Academia criou o estatuto contra a comercialização dos prêmios. Um exemplo disso é a estatueta de Melhor Filme de …E o Vento Levou, entregue em 1940 e vendida em 1999 por US$ 1,5 milhão para Michael Jackson.

Alguns anos depois da morte do cantor, os administradores de sua propriedade admitiram que não sabiam onde estava a estatueta. Parece que o vento levou esse Oscar.

 

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