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Aquavit: conheça a bebida nórdica que atravessa a Linha do Equador duas vezes para ser feita

A Linie, uma das marcas do destilado, passa quatro meses em alto-mar antes de chegar às lojas. Entenda o ritual.

Por Rafael Battaglia
5 abr 2025, 16h00

À primeira vista, parece uma cachaça ouro, daquelas envelhecidas em madeira. O gosto também remete à bebida brasileira, pelo menos no começo. Mas as semelhanças param por aí.

O aquavit, drink nacional da Noruega e popular em toda a Escandinávia, é um destilado feito com batatas ou grãos e aromatizado com várias especiarias, sobretudo dill (também chamado de endro) e alcarávia, um tipo de cominho. Costuma envelhecer em barris de carvalho e é servido numa pequena (e elegante) taça tulipa. A ideia é degustar aos poucos, não virar tudo de uma vez.

O nome vem do latim aqua vitae, que significa “a água da vida”. Acredita-se que tenha surgido entre os séculos 15 e 16, época em que a destilação moderna deslanchou na Europa. No começo, é possível que o goró tenha sido usado como remédio, mas não demorou para que ele fosse incorporado em festas e noites de pileque (o teor alcoólico gira em torno de 40%).

Ao longo dos séculos, cada país escandinavo desenvolveu seus próprios aquavits. Na Suécia, por exemplo, um importante ingrediente para dar sabor ao destilado é a erva-doce. Os suecos, assim como os dinamarqueses, preferem uma versão mais clara da bebida (ao contrário da cor âmbar característica das envelhecidas).

Dentre as diversas marcas de aquavit que existem no mercado, talvez a mais famosa seja a Linie, um rótulo norueguês com mais de 200 anos de história que ficou conhecido pelo seu método peculiar de produção: antes de chegar ao mercado, todas as garrafas precisam dar a volta ao mundo de navio – e passar pelo menos duas vezes pela Linha do Equador.

Vamos entender essa história.

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Viagem etílica

Há poucas evidências da origem dessa tradição, mas a versão mais difundida diz que ela veio do início dos anos 1800 graças a um navio de Catharina Lysholm, herdeira de uma família de mercadores da cidade de Trondheim, na Noruega. A embarcação, lotada de aquavit e outros produtos, partiu para a Indonésia. A expectativa era conquistar novos consumidores – mas os indonésios não se interessaram pela bebida.

O navio, então, voltou à Noruega. Considerando a ida e a volta, o aquavit passou dois anos em alto-mar. Durante esse tempo, o destilado amadureceu e pegou ainda mais o gosto do carvalho, das ervas e das especiarias. A bebida foi vendida aos noruegueses, que adoraram a versão mais encorpada.

A partir daí, a viagem marítima tornou-se o padrão-ouro para os aquavits dos Lysholm. Não à toa, o rótulo ganhou o nome de Linie, que quer dizer “linha” ou “equador”. De acordo com a Arcus Norway, empresa responsável pela Linie, o balanço do mar, aliado com as mudanças de temperatura, pressão e umidade ao longo da viagem, aceleram o processo de maturação e fazem com que a bebida extraia mais sabor dos barris.

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Ainda que seja possível fazer aquavit sem um barco (como fazem dezenas de outras marcas), a explicação da Arcus é plausível – empresas que aceleram a maturação de uísques, por exemplo, controlam justamente a pressão dos barris e forçam a interação da bebida com a madeira (mais sobre isso aqui). Seja como for, o método tornou-se um grande instrumento de marketing para o rótulo, que sempre reforça a viagem em seus materiais promocionais.

Hoje, o aquavit Linie passa 16 meses maturando em barris de carvalho (que foram usados previamente para fazer xerez, um vinho fortificado). Mas a maior parte desse processo acontece em terra firme. A viagem dura “apenas” quatro meses. A bebida sai de Oslo, passa pela Austrália, vai para a Ásia e, depois, retorna à Noruega.

Não é um barco exclusivo, diga-se. O Linie vai de carona junto com diversas outras cargas. Segundo o site Atlas Obscura, em um navio com mil contêineres, estima-se que 20 sejam de destilado. A bebida viaja no convés, que é a parte da embarcação que sofre maior influência das ondas do mar. No site da marca, é possível acompanhar o trajeto dos lotes mais recentes.

Quando retorna para a Europa, o Linie é então filtrado e engarrafado. Na Noruega, um litro desse aquavit é vendido por 379 coroas norueguesas, R$ 204. No Brasil, um anúncio no Mercado Livre traz três garrafas por R$ 1.500.

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É um preço salgado. Mas pode ser que, no futuro, seja possível experimentar aquavit sem entrar no cheque especial. Na última década, a bebida tem extrapolado as fronteiras escandinavas e se popularizado em outras regiões do mundo, caso dos EUA e do norte da Alemanha (que foi durante muito tempo parte da Dinamarca). Caso você tenha a chance de experimentar, vale tomá-lo puro, levemente gelado, ou misturado em coquetéis – este site ensina alguns preparos.

Skål!

 

 

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