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Caras de pau

Os totens esculpidos pelos nativos do Canadá contam histórias e dão continuidade a uma tradição milenar.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 dez 2001, 22h00

Rafael Kenski

Livro de madeira

No século XVIII, os primeiros exploradores europeus chegaram no noroeste do Canadá e imaginaram que os totens fossem objetos de veneração para os nativos. Só no século XX foi descoberto o verdadeiro significado dessas obras: elas são esculpidas para contar histórias, comemorar grandes acontecimentos e anotar os títulos de nobreza ou os clãs da tribo, não para louvar deuses. Era apenas uma maneira de registrar os acontecimentos em uma sociedade sem escrita, mais parecida com um brasão de família do que com uma relíquia sagrada

Ainda de pé

Os índios canadenses não são os únicos a construírem totens. Os maori, da Nova Zelândia, também fazem esculturas em madeira e com um significado muito parecido. O que tornou as obras canadenses famosas foi a variedade de estilos e a capacidade de se manterem vivas por milênios. As esculturas – que, segundo registros arqueológicos, são feitas há mais de 3 000 anos – continuam sendo produzidas até hoje por artistas descendentes dos nativos

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Bonecos indígenas

Figuras humanas em tamanho natural marcavam o local de um túmulo, os trechos de uma estrada ou a região da praia onde os barcos atracavam. Serviam para vigiar o caminho e dar as boas-vindas a quem passasse por ali

Animais fabulosos

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Apesar de não terem função religiosa, os totens possuem várias figuras mitológicas que aparecem nas histórias e, segundo os nativos, interferem no dia-a-dia de todos. As características de cada um determinam até o nome dos clãs e a forma como a tribo se divide

Símbolos

Cada figura da mitologia – como o urso e o corvo – possui um significado específico. No entanto, ao ser incorporada a um totem, passa a fazer parte da história que está sendo contada e ganha um novo sentido, conhecido apenas pelo escultor ou pelo dono

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Pássaro telepata

Este “pássaro trovão” é tido pelos nativos como uma águia poderosa e imortal. Ela seria capaz de ler o pensamento dos humanos e está presente no alto da maioria dos totens

Destruição total

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As esculturas entraram em declínio no final do século XIX, devido a uma grande epidemia de varíola e ao trabalho de missionários cristãos. Restam hoje poucas obras daquele período

Trabalho duro

As esculturas são feitas de cedro, uma madeira nobre comum na região. Os maiores totens – que podem chegar a 52,7 metros de altura – exigiam mais de oito meses de trabalho de uma equipe de artistas. As partes mais detalhadas ficam na base, na altura dos olhos do artista

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Festa do desperdício

Muitos dos totens eram construídos para a principal festa da região, o potlatch, que reunia grupos de muitos lugares. Os nativos faziam dezenas de obras de arte durante meses e as davam de presente para outras tribos ou as destruíam como sinal de riqueza e prosperidade. Os outros chefes deveriam retribuir a gastança à altura, ou ficariam desmoralizados

Marca da tribo

Os totens canadenses são obra de seis povos que habitam o noroeste do país, cada um deles com um estilo próprio de escultura. O mais famoso era o dos haida, com animais do tamanho de uma pessoa e grandes olhos que estavam sempre voltados para o espectador, mesmo quando esculpidos no alto do tronco

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