Como funciona o time de atletas refugiados nas Olimpíadas?
Desde os Jogos do Rio, essa delegação representa os mais de 100 milhões que sofrem com deslocamento forçado.
Existem mais de 117 milhões de refugiados no mundo, segundo a ONU. Deslocados à força, eles estão longe de seus países de origem por causa de perseguições, conflitos, guerras e violações de direitos humanos. É um número que cresce sem parar há 12 anos. Entre os deslocados, 40% – cerca de 47 milhões de pessoas – são crianças.
Desde os Jogos do Rio, em 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) organiza uma Equipe Olímpica de Refugiados. Os atletas desse time não representam, necessariamente, nenhum país. Em 2024, pela primeira vez, eles competem não por uma bandeira específica, mas pelo emblema da delegação dos refugiados. Trata-se de um coração que vem do logo da Fundação Olímpica dos Refugiados, organização estabelecida em 2017 que promove bolsas para os atletas, tentando levar a prática de esportes de forma segura a pessoas refugiadas.
Foram dez atletas em 2016. Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, foram 29. Agora, em Paris, são 37 pessoas de 11 países diferentes, abrigados por 15 Comitês Olímpicos Nacionais e competindo em 12 modalidades. Por enquanto, a equipe dos refugiados não tem nenhuma medalha, mas está competindo para tentar ganhar e representar as mais de cem milhões de pessoas deslocadas no mundo.
Como montam a equipe?
A equipe foi concebida em 2015, numa parceria entre o Comitê Olímpico Internacional e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Tentativa de representar os refugiados espalhados pelo mundo e conscientizar o público das Olimpíadas sobre a crise mundial de refugiados, o time está sendo liderado em 2024 por Masomah Ali Zada, atleta do ciclismo de estrada nascida no Afeganistão. Ela já havia competido pelo time dos deslocados em Tóquio.
Para chegar ao time olímpico, o Conselho Executivo do COI levou em conta o desempenho esportivo de cada atleta e o status deles como refugiados. Também pensaram em tentar alcançar um equilíbrio de gênero e de países de origem.
Grande parte dos atletas foi selecionada por meio do Programa de Bolsas para Atletas Refugiados, iniciativa do COI gerenciada pela Fundação Olímpica de Refugiados. Mais de 400 mil jovens (população que mais sofre com deslocamento forçado) já foram alcançados por esse trabalho.
Os porta-bandeiras do time nas Olimpíadas de 2024 são a camaronesa Cindy Ngamba e o sírio Yahya Al Ghotany. Os integrantes da equipe vieram de países como República do Congo, Sudão, Sudão do Sul, Eritreia, Etiópia, Irã, Síria, Camarões, Afeganistão, Cuba e Venezuela.
Também dá para competir nas Olimpíadas como um independente. Transições políticas nos países de origem, sanções internacionais e suspensão dos comitês olímpicos nacionais, como aconteceu com a Rússia e a Bielorrússia nos Jogos de 2024, podem ser a causa de atletas competirem de forma independente, precisando de uma aprovação do COI para isso.