Como surgiu a regra do impedimento no futebol?
Quem nunca comemorou um gol impedido que atire a primeira pedra. Desde sua criação, em 1863, a lei do impedimento passou por mudanças. Confira
Se você está acompanhando a seleção brasileira na caminhada pelo hexa, deve ter ficado indignado quando, na partida contra a Suíça no dia 28, o gol de Vinícius Jr. foi anulado. O problema é que antes do passe de Casemiro para o atacante, Richarlison tocou na bola, e estava em posição ilegal.
Richarlison estava à frente do penúltimo jogador da Suíça, e isso classifica um impedimento – o camisa 9 não poderia ter tocado ou participado da jogada. A regra, que foi motivo de frustração para os brasileiros, já foi motivo de muita discussão na história do futebol.
O impedimento surgiu em 1863, quando a Football Association foi criada, trazendo com ela o que ficou conhecido como “Laws of the Game”, ou “Regras do Jogo” – um conjunto de princípios que serviria, bem, como as regras do futebol.
O décimo primeiro ponto dessas regras é justamente o impedimento. Ele foi instaurado para impedir que jogadores ficassem na banheira, guardando caixão perto da área adversária, e recebessem passes fáceis no contra ataque.
A primeira versão da regra restringia ainda mais o jogo do que a atual. Na época, nenhum jogador que estivesse à frente de quem está com a bola poderia receber um passe. Pensando assim, a bola só poderia ser tocada para trás ou para os lados – como no rugby.
Não demorou muito para que Football Association percebesse a rigidez da regra. Três anos depois, ela foi revista e mudou um pouco: um jogador estaria em posição legal desde que houvesse, no mínimo, três adversários entre ele e o gol (um deles costuma ser o goleiro, mas não necessariamente), ou se estivesse atrás da bola no momento do passe.
Mais algumas repaginadas se passaram até que a décima primeira norma ficasse com a cara que tem hoje. Em 1925, com a FIFA já como membro do comitê de decisões, foi estipulado que o jogador deveria estar atrás do segundo adversário entre ele e o gol (novamente, um deles geralmente é o goleiro). Por fim, em 1990, a lei foi afrouxada para permitir que os atacantes estivessem na mesma linha que o penúltimo defensor.
A última mudança foi feita em 2005, quando foi esclarecido que apenas as partes do corpo que podem tocar na bola devem ser levadas em conta. Sendo assim, mãos e braços devem ser ignorados pela linha de impedimento.
A regra foi criada para dar mais competitividade aos jogos e promover a estratégia e habilidade. Há quem argumente o contrário, que o jogo fica mais chato e truncado com tantas paralisações.
O impedimento talvez seja uma das mais polêmicas – e confusas – regras do futebol. São mais de 150 anos de gols comemorados e, infelizmente ou não, anulados.