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Conclave: quais substâncias definem a cor da fumaça que anuncia o papa?

A fumaça que comunica a eleição de um papa mudou de ingredientes recentemente. Os métodos antigos causavam confusão ao produzir uma cor ambígua.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 7 Maio 2025, 16h02 - Publicado em 7 Maio 2025, 16h00

Nesta quarta-feira (07), às 12h46 no horário de Brasília, começou o conclave que vai escolher o novo líder da Igreja Católica. As portas da Capela Sistina foram fechadas com os 133 cardeais que vão eleger o sucessor do papa Francisco. Eles permanecem confinados e incomunicáveis no Vaticano até chegarem a uma maioria qualificada de dois terços em torno de um nome.

Até a maioria concordar em um nome, os cardeais passam por algumas eleições. Foram cinco rodadas de votação para escolher Francisco, e quatro para eleger seu antecessor Bento 16. Para comunicar o andamento do processo ao mundo exterior, o Colégio dos Cardeais usa uma chaminé na Capela Sistina.

No primeiro dia de conclave, só acontece uma votação. A cor da fumaça foi preta ou cinza-escura, que significa que os cardeais eleitores não escolheram um novo papa. Na história moderna, não há relato de um pontífice ganhando em primeiro turno. Nos próximos dias, os fiéis esperam ver a fumaça branca, que significa que a Igreja tem um novo Bispo de Roma.

A estratégia da fumacinha tem seu primeiro uso registrado no conclave de 1914, que elegeu o papa Bento 15. Mas uma versão inicial da ideia surgiu no começo do século 19, quando os votos das eleições que davam errado começaram a ser queimados. Nessa época, a falta de fumaça simbolizava a eleição um novo papa. A partir de 1914, os votos passaram a ser queimados com alguns aditivos para colorir a fumaça de branco ou preto.

A nebulosa história da fumaça

No começo, a fumaça preta vinha da incineração de piche ou palha molhada junto dos votos. Sem a palha, a cera dos selos em cada voto era suficiente para deixar a fumaça branca – mais ou menos. Esses métodos mais artesanais começaram a ser problemáticos quando as cores de fumaça começaram a se confundir em vários tons de cinza. Toda fumaça originada por combustão é meio cinza: o CO₂ é liberado junto de compostos escuros que podem dar uma coloração cinza ou preta.

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No conclave de 1958, a confusão de cores fez surgir uma teoria da conspiração que acreditava que o eleito teria sido Giuseppe Siri. Segundo a teoria, a eleição do cardeal italiano conservador teria sido suprimida por grupos como os maçons, os judeus ou os soviéticos para garantir a entrada do reformista João 23. Esse último foi eleito de verdade e modernizou a Igreja com o Concílio Vaticano 2º, que permitiu as missas na língua do povo.

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Para acabar com a confusão, a Igreja Católica começou a usar aditivos químicos para determinar a cor da fumaça em 1963. Mesmo assim, a multidão ainda se confundia bastante. Em 1978, rolaram dois conclaves diferentes, e em ambos a plateia não conseguiu entender direito qual era a cor da fumaça por causa da iluminação e da cor do céu.

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No conclave seguinte, em 2005, a Igreja adicionou mais um fator para o anúncio: agora, junto da fumaça branca vem o badalar dos sinos da Basílica de São Pedro. Na eleição de Bento 16, que sucedeu o longevo papa João Paulo 2, eles também trocaram os ingredientes que produzem a cor de fumaça que revela a decisão dos cardeais.

Do que é feita a fumaça?

Em 2013, quando o Colégio dos Cardeais elegeu o papa Francisco, o Vaticano compartilhou quais eram os ingredientes usados para produzir a fumaça. Eles usam dois fornos conectados à mesma chaminé: um para queimar as cédulas, outro para soltar o cartucho eletrônico de fumaça com os aditivos necessários para determinar a cor.

Se não houver novo papa, a fumaça preta é produzida pela combustão de perclorato de potássio, antraceno e enxofre. Se habemus papam, então uma mistura de clorato de potássio, lactose e resina de coníferas é queimada para garantir a cor branca. Esses cartuchos eletrônicos são, basicamente, bombas de fumaça, que misturam uma substância rica em carbono (como antraceno ou lactose) com um oxidante (como o perclorato e o clorato de potássio).

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Esse sistema foi testado recentemente, e técnicos credenciados e bombeiros do Vaticano estarão a postos se houver algum defeito. A fumaça branca deve aparecer nos próximos dias – ou noites. Se o resultado da votação aparecer pela chaminé de noite, não tem problema: os meios de comunicação do Vaticano terão câmeras e projetores para mostrar a cor da fumaça para os fiéis na Praça de São Pedro, em Roma.

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