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Geocaching: maior caça ao tesouro do mundo começou há 24 anos

E rola até hoje. Só em São Paulo há mais de mil itens escondidos. Veja como o jogo começou – e o que fazer para participar

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 3 Maio 2024, 16h14 - Publicado em 3 Maio 2024, 16h00

Em 2016, o mundo foi dominado por uma febre chamada Pokémon GO. O jogo para smartphone incentivava as pessoas a saírem de casa para caçar Pokémons pela cidade. Os monstros não existiam na vida real, é claro. O sistema de GPS do jogo mostrava uma localização e, quando o jogador chegasse lá, os bichinhos apareciam na tela do celular, numa interface de realidade aumentada. O game ainda existe, mas não é mais 

E se os usuários de fato encontrassem algo físico quando chegassem no local? É isso que propõe um jogo bem mais amplo (e antigo) que Pokémon GO, chamado Geocaching. Ele foi criado pelo consultor de computação Dave Ulmer no ano 2000 e, com o tempo, tomou proporções globais.

Vamos começar explicando como jogar. Primeiro, o usuário cria uma conta no site ou baixa o aplicativo Geocaching no celular. Em um mapa, ele vê onde estão os “tesouros” (geocahes) pela cidade. Chegando em um desses locais, o jogador deve de fato procurar por um item físico (pode ser uma caixa, um tubo pequeno etc.) com o logotipo do Geocaching. Lá você encontra um caderno para colocar seu nome e a data em que encontrou o item. Você também pode compartilhar sua experiência com outros usuários no aplicativo.

Existem mais de três milhões de geocaches espalhados pelo mundo. Só na região de São Paulo, são 1.443 – há vários na Avenida Paulista, por exemplo. E o jogo não se restringe ao sudeste ou a capitais. Existe um geocache no Marco Zero, por onde passa a linha do Equador em Macapá; em Silvânia, município no interior do Goiás, e em diversas outras cidades.

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É um mundo oculto bem debaixo do nosso nariz, que só é conhecido pelos jogadores. Segundo o site, há geocaches em 190 países e territórios, incluindo a Antártica. Isso só é possível porque os próprios usuários escondem e cadastram as caches no sistema, seguindo uma série de regrinhas.

Há diferentes tipos de caches. Nos “tradicionais”, basta chegar no local e registrar o achado. Nos itens do tipo “puzzle”, o jogador precisa resolver algum mistério para descobrir as coordenadas exatas. No “multi-cache”, cada local leva a outro, que leva a outro, e assim por diante até o destino final.

Como surgiu o Geocaching

A popularização do GPS está no centro da criação do jogo. O Sistema de Posicionamento Global (GPS) se tornou operacional em 1995, mas ele tinha restrições. Como os satélites pertencem aos Estados Unidos, o departamento de defesa do país impôs algo chamado “disponibilidade seletiva”, uma prática que torna o sinal de GPS menos preciso para usuários civis. Ou seja: o sistema deliberadamente manda sinais errados para receptores não autorizados.

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A justificativa era manter a segurança nacional, já que esse erro evitaria que outros países usassem o GPS para atacar os EUA. Um aparelho civil, por exemplo, errava até 90 metros em relação à posição real. Com a disponibilidade seletiva, não teríamos navegação no carro ou outros serviços que dependem de coordenadas exatas.

Em 2 de maio de 2000, o presidente Bill Clinton determinou o fim desse erro proposital, já que o GPS tinha potencial de ser usado pelo público para diversas finalidades. Quem ficou de olho nessa decisão foi Dave Ulmer, que mencionamos no início do texto. No dia 3 de maio de 2000, já com a disponibilidade seletiva desativada, ele escondeu uma caixa em um bosque próximo a Portland (EUA) e anotou sua coordenada exata, usando um GPS. 

Tudo começou como um teste para verificar a verdadeira precisão do sistema. Uma outra pessoa teria que encontrar a caixa usando apenas um aparelho de GPS e as coordenadas que Ulmer postou online: N 45° 17.460 W 122° 24.800.

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A caixa foi o primeiro geocacher da história, posicionado há 24 anos. Em apenas três dias, duas pessoas já haviam encontrado a caixa e compartilhado suas experiências online. Cada vez mais pessoas se envolveram na brincadeira e começaram a posicionar suas próprias caixas para serem encontradas. Estava armada a maior caça ao tesouro do mundo.

O nome “geocaching” surgiu pouco tempo depois. Em setembro daquele ano, o site estava criado. A partir daí, o hobby se modernizou com o uso de smartphones e criou uma comunidade de jogadores que rodam o mundo procurando e instalando geocaches. Os usuários com o maior número de caches no sistema já encontraram mais de 100 mil deles. Haja dedicação.

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