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Jim Morrison: o tempo não apaga

Oficialmente, o líder da banda The Doors morreu de ataque cardíaco, aos 27 anos. mas, três décadas depois, muitos fãs suspeitam de assassinato. E há os que acreditam que o músico ainda esteja vivo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 30 set 2005, 22h00

Marcos de Moura e Souza

TEORIA – Jim Morrison foi assassinado
OBJETIVO – Evitar a propagação de idéias contrárias ao american way of life

A vida do vocalista e líder da banda The Doors, Jim Morrison, terminou no dia 3 de julho de 1971 devido a “causas naturais”. O músico americano foi encontrado por volta das 5 horas da manhã pela namorada, Pamela Courson, dentro de uma banheira, com os braços apoiados nas laterais, cabeça pendida para trás e o cabelo molhado. O local da cena foi um apartamento na rue Beautraillis 17, em Paris, onde Morrison morava fazia alguns meses. O médico francês que examinou o corpo decretou que a causa da morte foi ataque cardíaco. James Douglas Morrison tinha 27 anos. É essa, pelo menos, a versão oficial, difundida pela imprensa e estampadas em biografias e filmes sobre Morrison e The Doors. Mas, desde o anúncio da morte do músico, começaram também a surgir especulações, sugestões de complôs e teses bizarras em torno do desaparecimento do polêmico astro do rock. Algumas dessas histórias fazem com que, até hoje, muitos fãs questionem se Morrison realmente morreu do coração – ou se ele, de fato, morreu naquele verão em Paris.

Uma das teses mais disseminadas é a de que Morrison teria sido assassinado pelo FBI – à época comandado pelo lendário J. Edgar Hoover. Autor de vários livros, o poeta Morrison era aclamado pela juventude como um ícone libertário, um crítico do autoritarismo e do american way of life. Autoridades americanas o viam como um agitador, um militante anti-Guerra do Vietnã, alguém identificado com o ideário do movimento New Left (Nova Esquerda), combatido por Washington. A ficha do líder do The Doors era conhecida pelo FBI, que teria chegado a reunir 89 páginas de documentos sobre ele, segundo o pesquisador do rock Alex Constantino. Há quem suspeite que Jimi Hendrix e Janis Joplin também tenham sido apagados pela mesma conspiração. Numa entrevista concedida em 1991, o tecladista do The Doors, Ray Manzarek, disse acreditar que o FBI queria deter a influência de celebridades do rock, e que o alvo principal e mais “perigoso” era Jim Morrison. “Janis era só uma mulher branca cantando a respeito de encher a cara e transar bastante, enquanto Hendrix era um negro que cantava: ‘Vamos ficar loucos’. Morrison estava cantando ‘Queremos o mundo e o queremos agora’.”

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O FBI teria armado um complô e infiltrado algumas pessoas no círculo pessoal de Morrison que, no final, providenciaram um cenário quase perfeito para a morte “por causas naturais”, como diria depois o empresário da banda, Bill Siddons. Alguns detalhes são suspeitos. À exceção da namorada Pamela, nenhum conhecido de Morrison viu o corpo. Quando Siddons chegou a Paris, “o que ele viu no flat de Jim e Pamela foi o caixão lacrado e o atestado de óbito com a assinatura de um médico. Não havia boletim policial ou médico no local. Não foi feita autópsia. Tudo o que ele tinha era a palavra de Pam de que Jim estava morto… Quem era o médico? Siddons não sabia; Pamela não se lembrava. Mas assinaturas podem ser forjadas ou compradas”, diz um trecho do livro No One Here Gets Out Alive (Daqui Ninguém Sai Vivo), de Jerry Hopkins e Danny Sugerman, biógrafos de Morrison. Pam morreria poucos anos depois. O médico que teria feito o exame, Max Vasille, nunca falou sobre o assunto.

Tem mais: Siddons esperou até 9 de julho – seis dias depois da morte – para anunciar publicamente o que havia ocorrido. Além disso, John Densmore, baterista dos Doors, afirmou ter achado estranho que o túmulo “era pequeno demais”. Nunca ficou claro como um pop star americano foi enterrado no cemitério de Père La Chaise, um monumento público francês onde estão os restos de notáveis como Balzac, Moliére e Oscar Wilde.

MORRIN, JIM MORRIN

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Há, porém, outra história corrente que envolve a CIA no episódio. Morrison – consumidor de ácido e outras drogas, amante do álcool, habitué em orgias sexuais, acusado pela Justiça de atos obscenos, como exibir o pênis durante um show – seria também nada mais nada menos do que um agente da inteligência dos EUA. Sua morte teria sido forjada para que ele pudesse mergulhar em sua vida secreta. Um dos capítulos do livro Secret and Suppressed: Banned Ideas and Hidden History (Secretas e Suprimidas: Idéias Banidas e História Oculta, sem edição em português) diz que, logo nos primeiros anos após a “morte” do líder do The Doors, surgiram boatos de que alguém com nome de James Douglas Morrison – usando o codinome JM2 – vinha mantendo contatos com CIA, NSA e Interpol. Thomas Lyttle, autor do texto, diz que o “novo JM2 abandonou a velha identidade de estrela do rock and roll usada por JM1 para se tornar um James Bond de terno e gravata”.

O sumiço de Jim Morrison produziu também relatos quase sobrenaturais. Como o músico tinha interesse por misticismo, surgiram hipóteses de que ele poderia ter sido vítima de algum ritual de magia negra ou vodu. Se morreu ou não, Morrison, teria sido visto diversas vezes em 1973, em Los Angeles, freqüentando bares gays, segundo o mesmo Thomas Lyttle. Os rumores eram tantos que o tecladista Ray Manzarek declarou que não se surpreenderia se Morrison realmente estivesse vivo. “Se havia um cara que teria sido capaz de encenar a própria morte – pagando a algum médico francês para conseguir um atestado de óbito falso – e colocar sacos de areia com cerca de 70 quilos dentro do caixão e desaparecer em algum lugar deste planeta – África, quem sabe –, esse alguém seria Jim Morrison”, disse Manzarek, segundo um trecho de Secret and Supressed.

Em 1998, o fotógrafo e produtor de vídeo americano Gerald Pitts afirmou ter encontrado Morrison vivendo como um vaqueiro num rancho na região noroeste dos EUA. Pitts diz que o ex-músico fingiu ter morrido para escapar de um complô (mais um?) do governo francês, que desejava matá-lo por sua postura contra a Guerra do Vietnã. Evidentemente, Pitts vende vídeos produzidos por ele nos quais o ex-astro conta toda a “verdade”. Morrison teria hoje 62 anos.

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Três décadas depois, quem poderá afirmar com certeza se a morte de Morrison foi provocada por um infarto, possivelmente pelo excesso de álcool e drogas, se foi resultado de uma overdose de heroína, como se sugeriu, ou se alguma das teorias tem um fundo de verdade? Morrison viveu intensamente seus 27 anos (ou mais). Em uma de suas canções, ele dizia: “Cancele minha inscrição para a ressurreição”. Uma vida assim basta.

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