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Loki: veja o que você precisa saber antes de assistir à série

Batemos um papo com Michael Waldron, o criador da série que chegou nesta quarta (9) ao Disney+. Nova produção da Marvel mergulha em conceitos como multiverso e linhas temporais alternativas.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 9 jun 2021, 19h04 - Publicado em 9 jun 2021, 19h03

12 anos atrás, em maio de 2009, corria a notícia de que a Marvel, que dava os primeiros passos para construir o seu Universo Cinematográfico (o MCU), havia escolhido dois completos desconhecidos para estrelar Thor (2011): o australiano Chris Hemsworth como o deus do trovão e o britânico Tom Hiddleston como o seu irmão, Loki.

A ressalva de alguns sobre a decisão do estúdio caiu por terra rapidamente. Ok, Thor não é exatamente um consenso entre os fãs, mas é inegável que o filme apresentou dois dos personagens mais importantes (e carismáticos) da Marvel – sobretudo Loki, que já apareceu em seis filmes do MCU e segue como um dos mais amados vilões da franquia. Ainda que ele quase tenha destruído a Terra.

Não à toa (e, aqui, já peço desculpas antecipadas por possíveis spoilers do MCU), todos se chocaram logo no começo de Guerra Infinita (2018), quando Thanos matou Loki com a facilidade de quem aperta um tubo de pasta de dente. Seria o fim do deus da trapaça, não fosse por uma divertida solução do roteiro de Ultimato (2019): em um deslize dos Vingadores, Loki rouba o Tesseract (uma das Joias do Infinito) – e foge direto para a sua própria série.

Loki, que estreou nesta quarta (9), é a terceira série da Marvel no Disney +, depois de WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal. Em seis episódios, a produção vai mergulhar fundo em conceitos como multiverso e linhas temporais alternativas – algo apresentado em Ultimato e que promete ser o motor do futuro da Marvel. É um grande desafio, mas, ao que parece, as coisas estão em boas mãos.

O maestro da série

Michael Waldron é um roteirista americano de 34 anos. Durante boa parte da carreira, ele trabalhou como assistente de produção – o que, em Hollywood, costuma ser sinônimo para “faz-tudo”. Mas, em pouco tempo, ele saiu da equipe de uma sitcom, virou produtor-executivo de uma animação de sucesso, ganhou um Emmy e, agora, é um dos responsáveis por ditar os rumos do MCU.

Vamos por partes. Em 2014, Waldron entrou para a equipe de Rick e Morty, o desenho que mistura ficção científica com doses cavalares de humor politicamente incorreto criado por Dan Harmon e Justin Roiland. Na mesma época, descolou trabalho em outro projeto de Harmon: Community, a série de comédia de onde saíram os irmãos Joe e Anthony Russo, os diretores de Capitão América: O Soldado Invernal (2014), Guerra Civil (2016) e os dois últimos Vingadores.

Waldron seguiu por alguns anos ajudando na produção e na sala de roteiristas de ambas as séries. As coisas começaram a mudar em 2018, quando as suas sugestões de piadas para a quarta temporada de Rick e Morty foram escolhidas em um “mini-concurso” às cegas promovido por Harmon. Na temporada seguinte, Michael virou um dos showrunners do desenho (em 2020, ele e a equipe levaram o Emmy de Melhor Programa Animado).

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Em 2018, uma proposta de roteiro de Waldron foi parar na edição daquele ano da Black List (“Lista Negra”, em português), que reúne os melhores roteiros não-aproveitados pelos estúdios de Hollywood. Não é pouca coisa: filmes premiados com o Oscar, como Argo, O Discurso do Rei Spotlight saíram dessa lista.

O projeto de Michael, intitulado Worst Guy of All Time (“O Pior Cara de Todos os Tempos”), é uma aventura de viagem no tempo que mistura romance com sci-fi. Nunca saiu do papel, mas chamou a atenção de Kevin Feige – o presidente do Marvel Studios.

Todos os caminhos o levaram à Marvel, e o convite para Loki aconteceu em 2019. E que fique claro: Michael não nunca foi alguém apaixonado por quadrinhos. “O meu amor pelo MCU nasceu com os filmes, mesmo”, falou à revista Vanity Fair, no começo do mês. De fato, o escritor cresceu como fã de Star Wars e wrestling – a forma de luta de onde saíram astros como The Rock, John Cena e Hulk Hogan.

“O wrestling foi a primeira ‘mitologia’ pela qual eu me apaixonei”, disse Michael em entrevista à Super. Isso signfica que haverá algum easter egg ou referência em Loki? “Não quero estragar a experiência de quem irá assistir com um spoiler desses. É melhor acompanhar e ficar ligado. Quem sabe.”

O mundo das lutas pode esperar. O que importa, agora, são as viagens no tempo de Loki. Michael acumulou experiência no tema nos anos em que trabalhou com Rick e Morty, mas a lista de referências é extensa. “Eu amo De Volta para o Futuro O Exterminador do Futuro, mas essas são respostas óbvias. Gosto muito de como Looper: Assassinos do Futuro abordou o assunto.”

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No MCU, a viagem no tempo foi apresentada em Ultimato por meio do Reino Quântico, conceito apresentado em Homem-Formiga. Em Loki, o desafio foi estabelecer, de uma vez, as regrais das viagens temporais. Motivo: a série girará em torno da TVA (Autoridade de Variância do Tempo), a agência que regula e monitora o multiverso.

“O exercício de nós, roteiristas de Loki, foi se colocar no lugar da TVA”, brincou Michael sobre a experiência de transformar excitantes viagens no tempo como algo burocrático (quem assistiu à Umbrella Academy, da Netflix, viu algo similar). “O nosso principal objetivo foi criar uma regra de viagem no tempo que fosse lógica e que pudesse ser acompanhada ao longo das semanas”, explicou. “Se for algo muito confuso ou cheio de detalhes, as pessoas podem se perder entre um episódio e outro.”

Quem assina a direção de Loki é Kate Herron, que dirigiu alguns episódios de Sex Education, da Netflix. Michael sequer conseguiu estar no set durante as gravações, já que Kevin Feige o chamou para escrever Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. O próximo filme do Doutor Estranho será dirigido por Sam Raimi (da trilogia original do Homem-Aranha), terá ligação com WandaVision e abordará, bem, o multiverso.

Achou muito? Waldron também está envolvido em um futuro projeto ainda sem nome de Star Wars – que será comandado por Feige. Talvez seja ele, e não Loki, que precisará viajar pelo tempo.

Guia de viagem (no tempo)

Abaixo, reunimos cinco coisas que você precisa saber antes de dar play. Confira:

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Não é a mamãe

Versão alternativa de Loki, presente na série.
(Marvel/Reprodução)

Atenção: o Loki que se redimiu nos filmes do Thor foi morto por Thanos em Guerra Infinita (2018). O protagonista da série é um “variante”, que criou uma linha temporal alternativa ao fugir após um deslize dos Vingadores em Ultimato (2019). 

Polícia temporal

Imagem da TVA, agência que monitora o multiverso para evitar desordens cronológicas.
(Marvel/Reprodução)

Por escapar com o Tesseract (uma das Joias do Infinito), Loki foi capturado pela TVA, agência que monitora o multiverso para evitar desordens cronológicas. A sua base de operações fica na Zona do Tempo Nulo, fora dos limites do espaço-tempo.

O Tesseract, vale lembrar, foi apresentado ainda no primeiro filme do Capitão América, em 2011. Ela é a Joia do Espaço – quem a controla consegue viajar para qualquer lugar do universo. No MCU, a sua energia também foi usada para fabricar armas.

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Cabeças gigantes

Os Guardiões do Tempo: Ast, Vort e Zanth.
(Marvel/Reprodução)

Criados por um antigo diretor da TVA, os Guardiões do Tempo são três entidades (Ast, Vort e Zanth) com poderes de manipulação. Nos quadrinhos, contudo, surgiram como vilões – e tentaram separar os Vingadores.

Levantando a bola

Kang, o Conquistador, um viajante temporal de um futuro alternativo.
(Marvel/Reprodução)

Uma pedra no sapato da TVA é Kang, o Conquistador, um viajante do tempo de um futuro alternativo – e que estará no próximo Homem-Formiga. Rival dos Vingadores e do Quarteto Fantástico, ele pode ser o principal vilão dessa nova fase da Marvel.

Novos personagens

Mobius, um agente da TVA e Gugu Mbatha-Raw, guerreira Ravonna Renslayer.
(Marvel/Reprodução)
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Owen Wilson interpreta Mobius, um agente da TVA. Segundo Michael, a relação entre ele e Loki foi inspirada no filme Prenda-me Se For Capaz (2002), de Steven Spielberg. Na história (baseada em fatos reais), o agente Carl Hanratty (Tom Hanks) vive atrás do falsificador Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio). No fim, eles constroem uma relação singular, e Frank passa a prestar consultoria para Carl.

Já a atriz Gugu Mbatha-Raw é a guerreira Ravonna Renslayer, que apareceu pela primeira vez nas histórias da Marvel em 1965. Nas HQs, ela é uma princesa do século 41 que vive uma relação de amor e ódio com Kang.

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