Épico futurista
Coppola pensou em Megalópolis no fim dos anos 1970, enquanto gravava Apocalypse Now (1979). Na década seguinte, esboçou um roteiro com mais de 400 páginas. A história se passa num futuro distópico, no qual novas tecnologias se misturam com elementos da Roma Antiga. Em uma Nova York destruída após uma catástrofe, um arquiteto idealista e o prefeito brigam sobre qual seria o destino ideal para a cidade.
Confiança quebrada
Nos anos 1980, Coppola já havia vencido cinco Oscars. Mas poucos em Hollywood confiavam nele. Apocalypse Now havia estourado prazos e orçamentos – e as condições de trabalho colocaram em risco a saúde da equipe. Além disso, seus filmes seguintes fracassaram na bilheteria. Tudo isso, aliado à escala imaginada para Megalópolis, fez com que nenhum estúdio topasse financiar o projeto.
De volta – só que não
Sucessos como O Poderoso Chefão 3 (1990) e Drácula (1992) deram o fôlego financeiro necessário para que Coppola e sua produtora retomassem Megalópolis. Em 2001, ele organizou filmagens em Nova York e reuniões com atores como Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. Mas o ataque às Torres Gêmeas interrompeu as gravações e fez o diretor repensar o roteiro, dadas as semelhanças com a tragédia. O projeto voltou à gaveta.
Do próprio bolso
Coppola passou os anos seguintes viajando em busca de inspiração para reescrever a história. Em 2003, por exemplo, visitou Curitiba para entender o urbanismo bem-sucedido da cidade. Em 2021, o cineasta vendeu parte do seu negócio de vinhos (ele e sua família mantinham uma vinícola havia décadas). Com isso, levantou os US$ 120 milhões necessários para viabilizar Megalópolis, cujas gravações terminaram em 2023.
Tretas na reta final
Coppola levou meses até achar um distribuidor – vários executivos de Hollywood acharam o filme “experimental e pouco comercial”. O diretor só conseguiu parceiros na época do Festival de Cannes, em maio. O longa estreou por lá – mas teve uma recepção morna. Como que em resposta, um trailer de Megalópolis destacava críticas equivocadas sobre outros filmes de Coppola. O problema: eram todas citações falsas. O vídeo logo saiu do ar.