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“No Other Land”, documentário favorito ao Oscar, foi dirigido por coletivo palestino-israelense

O filme documenta a expulsão forçada de palestinos em área da Cisjordânia ocupada pelo exército de Israel. Saiba mais sobre os bastidores da obra.

Por Eduardo Lima
25 fev 2025, 18h00

Apesar de não ter uma distribuidora nos Estados Unidos nem o apoio de grandes estúdios, No Other Land (em português, “Nenhuma Outra Terra”) é o favorito para levar a estatueta de Melhor Documentário de Longa-metragem no 97º Oscar, que acontece no próximo domingo (2).

O motivo para a falta de distribuição, apesar do sucesso de crítica, é o tema polêmico do filme: ele foi dirigido por um coletivo de ativistas palestinos e israelenses sobre a violência do exército de Israel na comunidade de Masafer Yatta, na Cisjordânia – região da Palestina que tem sido ocupada pelos israelenses de forma ilegal, de acordo com o direito internacional.

As forças armadas israelenses demolem casas e expulsam famílias que vivem em Masafer Yatta há gerações, reivindicando que a região precisa ser usada como área de treinamento militar. Trata-se da maior transferência forçada já feita na Cisjordânia sob ocupação israelense, que começou em 1967. Tudo isso é reportado em No Other Land, que estreou (e ganhou o prêmio de melhor documentário) no Festival Internacional de Cinema de Berlim em fevereiro de 2024. Assista ao trailer do filme:

 

Quem assina a direção são os palestinos Basel Adra e Hamdan Ballal e os israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor. Adra e Abraham também são os protagonistas do documentário. O palestino de 28 anos documenta a destruição de casas e expulsão forçada de moradores de sua comunidade desde a adolescência. O israelense é um jornalista que viaja com frequência para a Cisjordânia ocupada para escrever sobre Masafer Yatta. O filme mostra a construção de uma difícil amizade entre os dois, apesar da liberdade de Abraham e da vida sitiada de Adra.

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Perigo para gravar

O filme, uma coprodução da Palestina com a Noruega, foi filmado entre 2019 e 2023. Os jornalistas israelenses Abraham e Szor se uniram aos palestinos em sua causa para escrever sobre a violência e as remoções forçadas em Masafer Yatta durante quase cinco anos. Para o documentário, imagens filmadas nessa época são misturadas com vídeos de um período de 20 anos, retirados dos arquivos da comunidade, mostrando a transformação da região.

Durante a produção, o exército entrou duas vezes na casa de Adra e confiscou computadores e câmeras. Em entrevista ao New York Times, Abraham disse que viu Adra quase levar um tiro duas ou três vezes. Quando o documentarista palestino tentou documentar a casa de um vizinho sendo demolida, ele foi arrastado e espancado por soldados israelenses.

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A maior parte do documentário foi filmada antes do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, e da subsequente resposta do exército israelense na Faixa de Gaza, que matou mais de 48 mil palestinos, segundo a ONU. Segundo os cineastas, o novo conflito tornou o filme ainda mais urgente para mostrar como a situação de opressão nos territórios ocupados é insustentável.

Para que esse filme pudesse concorrer a um Oscar, ele precisava seguir as regras da premiação e ser exibido em uma das seis maiores cidades dos Estados Unidos, ficando em cartaz por pelo menos sete dias, com pelo menos três sessões diárias – uma necessariamente no horário nobre entre 18h e 22h. Sem distribuição cinematográfica nos Estados Unidos, aliado histórico de Israel, No Other Land precisou seguir um caminho independente, conseguindo negociar exibições em quase cem cinemas diferentes e lotar várias sessões.

Apesar da indicação ao Oscar, alguns dos documentaristas nem sabem se vão conseguir ir até a premiação: a casa de Hamdan Ballal está com uma ordem de demolição, e os Estados Unidos não tem um protocolo para que habitantes da Cisjordânia tirem vistos para o país, fazendo com que esses cidadãos sob lei militar de Israel precisem viajar para a Jordânia para conseguir o visto.

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O documentário foi exibido durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e conseguiu distribuição cinematográfica em 24 países. Porém, ainda não há nenhum canal oficial para assistir ao filme no Brasil.

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