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Keith Moon: o verdadeiro selvagem da história do rock

Esqueça Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix.

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 12 jun 2018, 15h26 - Publicado em 31 out 2005, 22h00

Keith John Moon acordou cedo no dia 7 de setembro de 1978, em Londres. Começou a ver um filme de horror. Às 15h40, sua namorada acordou e reparou no silêncio. O corpo de Moon jazia no chão, morto pela ingestão de 32 cápsulas de Heminevrin, um remédio para o alcoolismo.

Poucos personagens na história do rock tiveram uma vida tão movimentada quanto ele. Mas ao contrário de Kurt Cobain ou Janis Joplin, Moon não reúne multidões de fãs em seu túmulo. Era polêmico e inconveniente demais até para os padrões do rock ’n’ roll.

Nasceu em 1946. Aos 18, conheceu Pete Townshend, líder de um grupo de nome enigmático: The Who (“Os quem”, em inglês). Sem muita técnica (aprendera a tocar bateria quase sozinho), Moon impressionou pelo estilo forte e veloz. Era boa-praça e fazia palhaçadas nos ensaios. Em 1965, a banda estourou e eles se tornaram os garotos malvados da Inglaterra. Townshend quebrava guitarras no palco e Moon incendiava a bateria com fogos de artifício. A quebradeira continuava fora dos shows: Moon fraturou 3 vezes o nariz da esposa, a modelo Kim Kerrigan, e tinha inveja dos colegas de banda.

A vida de Moon virou uma bad trip em 1970. Seu Bentley — um dos automóveis mais caros do mundo — foi atacado por skinheads em uma discoteca de Londres. Ao tentar fugir, Moon atropelou e matou seu motorista. Nunca se perdoou pelo acidente, mas continuou acelerando na vida pessoal. Transformou uma mansão em Surrey, Inglaterra, numa zona de festas 24 horas. Desaprendia a tocar nas folgas da banda. O simpático baterista de 1964 virou um lunático. Desprezava os hippies. Gostava de desfilar fantasiado: às vezes de Marilyn Monroe, de enfermeiro ou de padre, mas quase sempre com uniforme nazista. Notoriamente, não gostava dos judeus. Uma coisa, porém, nunca fez: jogar o carro na piscina de um hotel, como diz uma lenda do rock.

Em 1976, uma overdose quase o matou em Miami. Mesmo assim, continuou tomando ovos crus, uma garrafa de champanhe e dois tranquilizantes de café da manhã. Até hoje se discute se sua morte foi suicídio ou não. Como disse o cantor Alice Cooper: “Acho que nunca conheci o verdadeiro Keith Moon. Pra ser sincero, nem sei se havia um verdadeiro Keith Moon”.

MOMENTOS MARCANTES
• Antes do The Who, tocou nas bandas cover The Escorts e The Beachcombers.
• Quis entrar para os Beatles. “O Ringo é uma merda”, disse para tentar convencer Lennon e McCartney.
• Em 1975, tentou a carreira-solo com o álbum Two Sides of the Moon, detonado pelos críticos na época.
• Em 1975, incitado pelo ator Oliver Reed, baixou as calças num restaurante chique em Los Angeles para provar que não era circuncidado.
• O apartamento onde faleceu é o mesmo em que ‘Mama’ Cass, do The Mamas and Papas, morreu de enfarte em 1974.
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