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Por que não existem computadores em Duna? Entenda o Jihad Butleriano

“Duna: Parte 2” estreia esta quinta (29) nos cinemas. No universo do filme, computadores são proibidos devido a uma antiga guerra travada contra a Inteligência Artificial.

Por Maria Clara Rossini
27 fev 2024, 16h58

Um dos filmes mais esperados para os fãs de ficção científica chega aos cinemas nesta quinta (29). Dirigido por Denis Villeneuve, Duna: Parte 2 é a continuação de Duna, que estreou em 2021. Os filmes são uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Frank Herbert em 1965. Eles cobrem a primeira e segunda metades do livro, respectivamente. 

A trama se passa 23 mil anos no futuro. A Terra não é mais habitada por humanos, e se tornou uma espécie de “parque nacional” de preservação. O protagonista Paul Atreides (Timothée Chalamet) nasceu no planeta de Caladan, mas se muda com sua família para Arrakis, um planeta de clima desértico mais conhecido como Duna.

Se você já assistiu ao primeiro filme, deve ter percebido que, mesmo com as viagens espaciais, não existem computadores ou máquinas semelhantes em qualquer lugar. 

Existe um motivo para isso: os computadores ou “máquinas pensantes” são proibidos pelo império. Essa determinação existe graças a um evento que ocorreu mais de 10 mil anos antes do nascimento de Paul: o Jihad Butleriano (Butlerian Jihad), ou a Grande Revolta.

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Entenda o que foi essa revolução que deixou impactos duradouros no universo de Duna. E pode ficar tranquilo: este texto não contém spoilers dos filmes.

Guerra contra as máquinas

O Jihad Butleriano é um dos eventos mais importantes da linha do tempo de Duna. Todos os seis livros escritos por Frank Herbert mencionam o jihad (que significa “guerra santa”). Ele foi, basicamente, uma guerra dos humanos contra as máquinas sencientes – ou seja, aquelas que têm funcionamento similar ao cérebro humano. Leia um dos trechos que fazem referência à guerra:

“Devemos negar as máquinas que pensam. Os humanos devem estabelecer suas próprias diretrizes. Isso não é algo que as máquinas possam fazer. O raciocínio depende da programação, não do hardware, e nós somos o programa definitivo! Nosso Jihad é um ‘programa de despejo’. Despejamos as coisas que nos destroem como humanos”

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Podemos dizer que essas máquinas eram Inteligências Artificiais (IA) Gerais. Diferente do ChatGPT, que é um modelo especializado em linguagem, uma IA geral teria diversas habilidades diferentes, da mesma forma que o ser humano. Mas, no mundo real, ela é só uma ideia que ainda não conseguimos desenvolver.

Herbert não dá tantos detalhes sobre a guerra em si, já que se trata de um evento do passado para a série. Sabemos que foi um evento semi-religioso liderado pelos humanos, que sentiam os efeitos do controle sócio-político exercido pelas máquinas conscientes. Essa cruzada durou 93 anos, e terminou com a destruição das últimas máquinas do universo. Depois disso, a proibição dessas “IAs” virou um mandamento bíblico: “Não farás uma máquina em semelhança à mente humana”.

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O autor morreu em 1986, um ano após a publicação do sexto livro (“Herdeiras de Duna”), e deixou grande parte da interpretação do jihad para os fãs. No entanto, em 2002 seu filho Brian Herbert publicou o livro Dune: The Butlerian Jihad (sem tradução em português). A obra expande o universo criado pelo pai, e explica a guerra que mudou o rumo da humanidade.

Segundo Brian Herbert, a revolta é batizada em homenagem a Serena Butler, uma mulher que teve seu filho abortado forçadamente por um robô. Esse teria sido o estopim para a revolta contra as máquinas, já que elas se colocaram acima do discernimento e ética humanos.

Impactos no universo de Duna

O Jihad Butleriano teve consequências profundas para a história. A falta de tecnologia mudou a qualidade de vida da humanidade. De repente, as pessoas precisaram fazer computações e cálculos complexos usando apenas a mente.

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Foi isso que levou à criação dos Mentats, também chamados “computadores humanos”. São pessoas treinadas para performar os cálculos que antes eram feitos pelas máquinas pensantes. Toda grande casa, como Atreides e Harkonnen, têm um Mentat como conselheiro.

Essa guerra também permitiu o surgimento da irmandade Bene Gesserit. Elas se fortaleceram no caos que ocorreu após o Jihad e se estabeleceram como força política, com influência em praticamente todo o Império. Elas treinaram suas mentes e corpos para desenvolver habilidades quase sobrenaturais, como usar a Voz para persuasão e mudar a química do próprio organismo.

Outro impacto importantíssimo (embora menos representado nos filmes) foi a criação da Guilda Espacial, responsável pelas viagens espaciais. A Guilda não usa computadores, mas sim “navegadores”. São humanos intoxicados por especiaria, o que permite que eles vejam possíveis futuros e garantam uma viagem segura pelo espaço. Isso explica a obsessão do Império por Arrakis: quem controla a especiaria controla todo o comércio espacial.

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O surgimento da Guilda Espacial foi tão importante que se tornou um marcador temporal: existe os anos Antes da Guilda (AG) e Depois da Guilda (DG). O Jihad Butleriano começou no ano 201 AG e terminou em 108 AG. Já os eventos do filme e dos livros se passam entre os anos 10.191 DG e 10.193 DG.

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