O romance lésbico Carol foi indicado em seis categorias do Oscar deste ano, incluindo um para a atriz principal, Cate Blanchett. Mas o filme foi a exceção em um ano complicado para temas LGBT nas telonas, segundo um novo levantamento.
Somente 17,5% dos 126 grandes filmes lançados em 2015 tinham personagens que se identificavam como LGBT, segundo o Índice de Responsabilidade dos Estúdios, elaborado pela GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation; “aliança contra a difamação de gays e lésbicas”, em português). A organização não-governamental monitora como a minoria é retratada na mídia.
Apesar de não haver mudanças em relação ao ano anterior, houve uma clara piora na qualidade da representação de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. A GLAAD criou o relatório anual em 2012 para mapear “quantidade, qualidade e diversidade” das pessoas LGBT em filmes lançados pelos sete maiores estúdios de Hollywood – como Disney, Fox, Lionsgate, Paramount, Sony, Universal e Warner Bros – em cada ano-calendário.
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Os filmes são avaliados não só pela inclusão de personagens que pertençam à minoria, mas também pela presença de conteúdo LGBT e linguagem ou “humor” preconceituoso, segundo a organização. Somente 8 dos 22 filmes dos grandes estúdios que incluíam personagen(s) LGBT passaram pelo teste Vito Russo, que mede como esses personagens são apresentados no contexto do filme. É uma medida similar ao Teste de Bechdel. Foi a mais baixa porcentagem encontrada pela GLAAD desde que o relatório começou a ser produzido, em 2012.
Até mesmo entre os filmes considerados inclusivos, a representação da comunidade LGBT foi muito desigual. Homens gays apareceram em 77% dos filmes, enquanto 23% dos filmes tinham personagens lésbicas e 9% eram bissexuais. Somente um filme foi considerado inclusivos para trans: Belas e Perseguidas, com Reese Witherspoon e Sofia Vergara.
Ainda assim, o filme não foi suficiente para melhorar a situação do estúdio Warner Bros,, que foi “reprovado”, junto com Paramount e Disney. Lionsgate, Fox, Sony e Universal foram considerados “adequados”, e nenhum recebeu a nota “bom”.
Segundo Sarah Kate Ellis, presidente da GLAAD, a TV está muito à frente quando se trata de programação que inclui a comunidade LGBT, com séries como Orange is the New Black (Netflix) e Transparent (Amazon Studios). Portanto, o que era considerado uma caracterização “adequada” de um personagem LGBT na telona “já não é mais considerado adequado”, afirmou ela.
“Se quiser se manter competitiva e relevante, a indústria do cinema tem de abraçar novas histórias que reflitam o mundo real. Para sorte dela, há muitas histórias para serem contadas”, disse Ellis no relatório.
“Deixar de fora a comunidade LGBT – ou incluí-la somente como motivo de piada – mantém vivos velhos preconceitos e cria um ambiente inseguro não só aqui nos Estados Unidos como no mundo inteiro, onde a maior parte das pessoas vê esse retrato.” Ela conclui: “Hollywood precisa melhorar a imagem que está distribuindo”.
Para saber mais sobre o Índice de Responsabilidade dos Estúdios da GLAAD, clique aqui.
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