Star Wars: os segredos da vida alienígena
Nos filmes da saga, vemos variadas formas biológicas, mas muitas delas seguindo o padrão humanoide clássico. Será que ETs de verdade seriam assim?
Duas mãos, duas pernas, dois olhos e a cabeça em cima do tronco parecem dominar muitas das produções de ficção científica no cinema e na TV. A explicação para isso é simples – é muito difícil encontrar atores não humanos capazes de decorar diálogos em Hollywood.
Agora, o que podemos esperar na realidade? A busca por vida extraterrestre é um dos temas mais fascinantes da ciência moderna, e muitos pesquisadores acreditam que estamos próximos de fazer descobertas cruciais, mas a verdade é que nenhum cientista até hoje viu ou estudou uma forma de vida alienígena. (Os cirurgiões da Área 51 não contam; mesmo que eles tenham de fato esquartejado corpos de ETs, o que é improvável, não contaram nada para o mundo e muito menos apresentaram provas contundentes disso. Vamos deixá-los de fora da conversa, portanto.)
Isso é um problema, claro. Até o momento, apesar de todos os esforços realizados por sondas interplanetárias, só encontramos um planeta que com certeza tem vida – o nosso. E como é impossível extrair estatísticas a partir de um único exemplo, não temos como estimar com que frequência a vida aparece no cosmos.
Contudo, os cientistas já detectaram todos os compostos essenciais lá fora – não só em planetas, mas também em nuvens de gás no próprio espaço. Então sabemos que a matéria-prima para a vida existe em todas as partes do Universo. Além disso, um estudo da evolução em nosso próprio planeta revela que as primeiras formas de vida apareceram assim que as condições se mostraram favoráveis. Isso é tratado pelos cientistas como uma pista indireta de que a biologia surge assim que o ambiente parece suportá-la. Não deve ser, portanto, um fenômeno muito raro.
Basicamente por isso, o pressuposto adotado hoje pela ciência é o de que a vida é um fenômeno que aparece quando as circunstâncias são propícias. Mas que condições seriam essas?
Nada muito complicado. Os cientistas acreditam que são exigências básicas para a vida a presença de água em estado líquido (o melhor solvente para reações químicas), compostos orgânicos (a melhor matéria-prima para a criação de moléculas complexas como as que a vida exige) e uma fonte de energia (para “empurrar” as reações químicas). Só.
Os astrônomos já constataram não só que essas três coisas existem aos montes espalhadas pelo espaço como também que planetas pelo menos circunstancialmente similares à Terra (mesmo nível de radiação solar, mesmo tamanho, mesma estrutura interna básica) são absolutamente comuns. Logo, caso estejamos certos sobre isso, a vida deve estar espalhada por todo o cosmos.
Que forma de vida?
Aí vem a pergunta para os biólogos: planetas como a Terra fabricarão seres vivos como os terrestres? Ou, em outras palavras, existe uma receita básica para a evolução, algo que dite como a vida progride de suas formas mais simples para as mais complexas, gerando animais e, por fim, seres inteligentes?
Muitos biólogos acreditam que não exista essa fórmula previsível. O famoso biólogo britânico Richard Dawkins aponta que a evolução tem um caráter histórico – algumas mutações aparecem aleatoriamente e seguem adiante, produzindo características singulares em criaturas vivas.
Uma das idiossincrasias apontadas por Dawkins é a sexualidade. Será que formas de vida alienígena precisarão de sexo para se reproduzir? “Tem de haver sexo num mundo alienígena? Eu acho que provavelmente não”, disse ele durante o festival Starmus, em Tenerife, no ano passado. “E, se houver, por que só dois gêneros? Por que não três ou quatro?”
Além disso, eventos fortuitos definem o destino da biosfera de tempos em tempos. Os dinossauros reinaram soberanos na Terra por mais de 150 milhões de anos, e assim continuariam, não fosse a queda súbita de um asteroide, devastando completamente nosso planeta e os levando à extinção. Foi esse evento, por sua vez, que permitiu a ascensão dos mamíferos e, em última instância, o aparecimento de criaturas inteligentes como nós.
Esse é um lado da questão – mutações aparecem de forma aleatória e eventos fortuitos como o impacto de um asteroide parecem alterar os rumos da biosfera de maneira imprevisível.
Alienígenas inteligentes devem ter variações em sua estrutura corporal, mas talvez o modelito básico seja ditado por processos de evolução convergentes, que culminariam com diversas versões humanoides
Mas nem tudo acontece na árvore da vida por sorteio. Também existe o processo de evolução convergente, um fenômeno muito comum e fartamente documentado pelos biólogos. É o fato de que, quando uma inovação evolutiva favorece a sobrevivência, ela acaba emplacando diversas vezes ao longo da história de um mundo vivo.
Um exemplo clássico: asas. Elas apareceram na linhagem dos pterossauros, centenas de milhões de anos atrás. Aí apareceram nas aves, de forma independente, alguns milhões de anos depois. E surgiram de novo nos mamíferos (lembre-se do morcego!), mais uns milhões de anos mais tarde. Três ocorrências independentes!
Isso dá a entender que, pelo menos para certos problemas, a evolução produz respostas repetitivas. Dawkins aposta que há alguns elementos que devem mesmo se repetir em outros mundos. Por exemplo: olhos. Alienígenas provavelmente terão olhos.
A grande questão é: quão repetitiva é a evolução como um todo? Segundo Simon Conway Morris, biólogo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a resposta é “muito”. Ele tem investigado a fundo o fenômeno da convergência e acha que a evolução segue uma receita básica, padronizada. Portanto, se houver vida lá fora em planetas similares ao nosso, é bem possível que formas igualmente similares de vida apareçam por lá. Isso incluiria humanoides como uma resposta preferencial para vida inteligente.
“Se os desfechos da evolução são previsíveis pelo menos em termos amplos, então o que se aplica à Terra irá se aplicar por toda a Via Láctea e além”, diz Morris.
Caso ele esteja certo, a realidade biológica de Star Wars, em que muitas formas de vida inteligentes nascidas de mundos diferentes acabaram tendo características similares – como o fato de terem uma configuração corporal similar à humana – pode ser o que vamos encontrar lá fora. O duro é testar essa hipótese. Enquanto não pudermos estudar de perto formas de vida de fato alienígenas e ver no que elas se parecem ou não com as versões terráqueas, não teremos como saber.
Conheça algumas das espécies que protagonizam a saga
1. Humanos
Estatura média: 1,75 m
Nativos de Coruscant, se espalharam por sistemas estelares vizinhos primeiro em naves colonizadoras que viajavam mais devagar que a luz e, mais tarde, voando pelo hiperespaço.
2. Gungans
Estatura média: 1,9 m
Anfíbios bípedes do planeta Naboo, eles vivem em cidades nas profundezas dos corpos d’água do planeta. Mantêm relação simbiótica com os humanos que colonizaram o planeta.
3. Rodians
Estatura média: 1,6 m
Reptilianos, os nativos de Rodia são exímios caçadores e jamais desenvolveram a agricultura. Han Solo quase morreu pelas mãos do rodian Greedo. (Quem atirou primeiro?)
4. Mon Calamaris
Estatura média: 1,7 m
Espécie anfíbia cujos ideais de nobreza e justiça nortearam a Aliança Rebelde contra o Império Galáctico. Eles vivem em cidades verticais que flutuam sobre seus vastos oceanos.
5. Wookiees
Estatura média: 2,1 m
Nativos do planeta Kashyyyk, eles são criaturas arbóreas por evolução e guerreiros leais por tradição. São muito fortes e por isso viraram mão de obra escrava nas mãos do Império.
6. Geonosians
Estatura média: 1,7 m
Insectoides com asas e exoesqueleto, eles construíram uma civilização de colmeias e fábricas em seu mundo. Foram essenciais no movimento separatista que levou às Guerras Clônicas.
7. Kaminoans
Estatura média: 2,2 m
Sua evolução se deu a partir de espécies aquáticas dos oceanos de Kamino. Eles conseguem ver luz ultravioleta e são notórios por suas tecnologias de engenharia genética e clonagem.
8. Twi’leks
Estatura média: 2 m
Nativos do sistema Ryloth, na Orla Exterior, são humanoides cujo aspecto mais marcante são os dois tentáculos que saem de sua cabeça. A cor de pele varia bastante na espécie.