Claudia Assef
DJ é aquele cara que entra na cabine de som e faz a alegria da pista. Ele (ou ela, né?) fica sob um feixe de luz especial, capaz de transformá-lo na pessoa mais charmosa da festa. Então, ai, que maravilha que é ser DJ. .. Mas já parou pra pensar que até ser reconhecido o DJ deve enfrentar altos dramas? Imaginou como deve ser irritante receber pedidos do tipo “toca um axé”?
A VOLUME 01 reuniu duas lendas pra falar sobre as coisas mais chatas que um DJ tem que aturar. Com a palavra, Gregão, um dos reis da disco music, ex-comandante da cabine do lendário Ta Matete, e Índio Blue, ex-DJ do Hippopotamus, que hoje toca rock e blues no Tipuana, em São Paulo. Juntos, os dois têm mais de meio século de cabine. Lembrando histórias, a dupla fez a reportagem passar mal de rir… Eis o porquê:
Volume 01 – Mexer no case é a coisa mais irritante pra um DJ?
Índio – Um dia eu estava na cabine e vi o dono da casa onde eu tocava num nível mais alto que eu. Percebi que ele estava em cima do meu case. Virei pra ele e falei: “Por que você não sobe nas costas da senhora sua mãe?” Mala, barata e puta tem em tudo que é lugar.
V01 – Como vocês lidam com o mala clássico, que cola na cabine e não sai?
Grego – A coisa mais chata é ter que guardar coisas na cabine. Já guardei muita arma, por exemplo…
Índio – Eu também. Mas o pior mala é aquele que faz o íntimo. O cara te conheceu ontem e já vem todo amiguinho… Ah, e tem as “queridas”…
V01 – Quem são essas aí?
Índio – São umas fulanas que você nunca viu na vida e te falam: “Ai, guarda a minha bolsa?” Dez minutos depois ela fala: “Pega a minha bolsa”. Daí a fofa pega um cigarro e devolve a bolsa pra você guardar. E nunca são bolsas, né? São baús!
Grego – E sempre tem o cara que derruba bebida no mixer. Fora os que vão te abraçar e levam o braço da pick-up junto…
V01 – O que fazem quando a pessoa passa dos limites?
Índio – Uma vez uma “querida” empurrou meu case e pôs a bolsa no lugar. Eu pedi com educação: “Você pode tirar a bolsa?” A moça nem tchum. Não tive dúvida: peguei a bolsa e joguei no chão.
Grego – Ele fez isso mesmo!
V01 – E os pedidos mais bizarros, quais foram?
Grego – Você tá lá fazendo um set de house, vem um mala e diz: “Você tem música eletrônica?” O que você vai pensar? Dá vontade de mandar à merda…
Índio – Ah, eu mando. Sempre vêm me pedir pagode. Eu toco blues, pô! Teve uma “querida” que ficou pedindo pagode a noite toda. No fim da festa, falei pra ela: “Me dá teu endereço. Vou te dar uma assinatura da Veja”. Ela ficou toda feliz, me perguntou se tinha ganhado um concurso… e eu disse: “Não! É que você não tem assunto, só sabe falar de pagode”… Se o cara não tem assunto, não sabe de música, então que vá ler a Veja, pára-choque de caminhão, outdoor, bula…
V01 – Se vocês não fossem DJs, seriam o quê?
Grego – Eu seria piloto de corrida. Tem tudo a ver com a profissão de DJ.
Índio – Eu queria ser campeão de karatê, tipo o Bruce Lee… ou melhor, o Bruce Lixo!!!