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Tristes Trópicos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 jul 2005, 22h00

Claude Lévi-Strauss

NOME ORIGINAL_Tristes Tropiques (França)
EDIÇÃO NO BRASIL_ Companhia das Letras; 1996


DO QUE TRATA

Os relatos do antropólogo belga LéviStrauss sobre sua passagem pelo Brasil na década de 30, bem ao estilo de um diário de viagens, fazem desse livro um marco internacional da antropologia, tanto por seu conteúdo quanto pela retórica, mais tarde conhecida como “estruturalista”.

Ainda professor da École Normale Supérieure, na França, ele foi convidado a dar aulas de sociologia na Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu entre 1935 e 1939. Sua obra retrata, além desse período inicial em São Paulo e no Rio de Janeiro, experiências vividas junto a tribos indígenas brasileiras, como os nhambiquaras, durante expedição pela Serra do Norte, no Mato Grosso. Foi especialmente junto aos índios que Lévi-Strauss encontrou o vasto campo de pesquisa etnográfica que daria projeção internacional a sua obra, onde sintetiza questões sobre as relações das comunidades estudadas. Fez observações muito pessoais em estilos que variam entre a linguagem literária e a científi ca. Os relatos descrevem desde a relação do homem com a natureza até casos de incesto entre integrantes das tribos. O resultado apresenta o mesmo tom pessimista que transparece já no próprio título. Segundo o autor, o Brasil vivia uma ocupação desordenada, responsável por sinais de degradação e, principalmente, de desrespeito à sua exuberante natureza.

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QUEM ESCREVEU

Lévi-Strauss é um dos mais importantes antropólogos vivos. Nasceu em 1908, na Bélgica, mas sedimentou sua carreira em universidades da França, onde vive até hoje. Lecionou sociologia na USP entre os anos de 1935 a 1939, quando também realizou suas pesquisas etnográficas, em expedições pelo Mato Grosso.

POR QUE MUDOU A HUMANIDADE

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Porque lançou as bases da antropologia estrutural, na qual o antropólogo mostra que sistemas sociais considerados primitivos (como os dos índios, por exemplo) têm estrutura tão rigorosa quanto às culturas modernas. Seus relatos sempre foram vistos como visionários.

 

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Um olhar estrangeiro

Lévi-Strauss fala sobre São Paulo

“Na época, descrevia-se São Paulo como uma cidade feia. Sem dúvida, os prédios do centro eram pomposos e antiquados; a pretensiosa indigência de sua ornamentação agravava-se mais ainda pela pobreza da construção: estátuas e guirlandas não eram de pedras, mas de gesso caiado de amarelo para fingir uma pátina. De modo geral, a cidade mostrava esses tons fortes e arbitrários que caracterizam as más construções cujo arquiteto teve de recorrer à caiação tanto para proteger quanto para dissimular o substrato. (…) Sob as cores falsas, as sombras ficam mais negras; as ruas estreitas não deixam que uma camada de ar fina demais ·crie um clima·, e disso resulta uma sensação de irrealidade, como se tudo aquilo não fosse uma cidade, mas um simulacro de construções edificadas às pressas para atender a uma filmagem cinematográfica ou a uma representação teatral.”

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Amor de índio

Como era o sexo entre os nhambiquaras

“Em geral, as relações sexuais [dos índios nhambiquaras ocorrem à noite, às vezes perto das fogueiras dos acampamentos das aldeias; com mais freqüência, os parceiros afastam-se uma centena de metros para a selva ao redor. Essa saída é notada de imediato, e deixa a platéia exultante; fazem comentários, soltam gracejos e até as crianças pequenas compartilham de uma excitação cuja causa conhecem muito bem.”

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