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Parte 2: A ciência da paixão

O amor é hormônio que brota sem se ver. É ferida que dói e se sente. É um não contentar-se de dopamina. É um estar-se preso por vontade - durante sete anos. Conheça a fascinante ciência da paixão, do companheirismo, do ciúme e da traição.

Texto: Tiago Cordeiro | Edição de Arte: Fernando Pires | Design: Andy Faria | Ilustrações: Espaço Ilusório

Paixão é cocaína

A pressão arterial aumenta, e com ela a respiração e os batimentos cardíacos aceleram. As pupilas ficam dilatadas e você tem dificuldade de se concentrar, de trabalhar, de se lembrar do seu próprio número de telefone, de pegar no sono. Até mesmo o apetite vai embora. Enquanto isso, regiões importantes do cérebro ficam mais ativas. A medicina sabe a causa desse choque de emoções fortes: um neurotransmissor chamado dopamina. Mas as pessoas chamam de paixão. E, não por acaso, a associam ao coração, e não à cabeça.

A descarga de dopamina, responsável por uma sensação de felicidade tão intensa e anestesiante que seu efeito se assemelha ao da cocaína, ainda causa uma mudança nos níveis de alguns hormônios. A adrenalina e o cortisol, que preparam o organismo para situações de risco, aumentam, e a serotonina, que tem efeito calmante, diminui em 40% (anomalia semelhante à observada nos casos de transtorno obsessivo compulsivo).

Por isso, quando estamos apaixonados, ficamos agitados, com dificuldade em nos concentrar, e alimentamos certa compulsão em relação ao outro. “Muito acima de qualquer outro fator, o amor é orquestrado pela ação da vasopressina, da ocitocina e da dopamina. Elas são absolutamente determinantes”, afirma o professor Semir Zeki, neurologista da University College, de Londres.

<strong>O amor começa com um pacote de emoções que incluem perda de apetite, insônia, dificuldade de se concentrar e tremores. Tudo culpa da dopamina. </strong>
O amor começa com um pacote de emoções que incluem perda de apetite, insônia, dificuldade de se concentrar e tremores. Tudo culpa da dopamina. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

No momento do encontro, a mulher sofre um aumento nos níveis de testosterona, hormônio que dispara o gatilho da libido. E os homens têm uma redução da concentração dessa substância no corpo, e assim ficam menos agressivos e podem ser levados a gestos meigos como comprar flores e ursinhos de pelúcia, jantar à luz de velas e gostar de ver filmes franceses no cinema.

A paixão costuma durar entre 18 e 30 meses – tempo necessário para formar um casal estável o suficiente para gerar filhos. Um levantamento realizado por uma universidade inglesa indica que a felicidade conjugal atinge o auge por volta dos três anos de relacionamento.

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MEU VÍCIO É VOCÊ

O mecanismo cerebral que causa o aumento da atividade  da dopamina  é muito parecido com o disparado no vício  em cocaína ou anfetaminas. Assim como  a droga, a paixão causa dependência e, em sua falta, abstinência. Por isso mesmo, quando o efeito passa, o relacionamento tende a ficar abalado. E quem vicia mais rápido não são as mulheres, mas os homens.

Nesse período, você tem mais chances de ficar doente: a emissão de cortisol baixa a resistência do sistema imunológico, o que favorece o aparecimento de gripes e infecções. Para nosso próprio bem, então, a duração da paixão tende a se estender por um tempo pré determinado.

6 SINAIS DE QUE VOCÊ ESTÁ APAIXONADO

1 • Excitação
Você pensa mais em sexo do que de costume, porque a testosterona está a mil.

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2 • Felicidade
Você nunca esteve tão feliz. Afinal, seu cérebro é pura dopamina.

3 • Compulsão
Você fica obsessivo em relação à pessoa amada, porque a serotonina despenca.

4 • Taquicardia
Você sente o coração bater mais rápido, já que o corpo está cheio de adrenalina.

5 • Insônia
Você não dorme nem come direito – e nem liga para isso. Culpa da adrenalina também.

6 • Fofura
Você começa a ver filmes franceses.

Amor é Rivotril

Na medida em que o relacionamento avança, a hipófise continua trabalhando muito. É que ela precisa continuar produzindo a ocitocina, um hormônio fundamental para que o casal caminhe para o próximo passo, o da cumplicidade e do companheirismo. Quando circula em maiores quantidades no sangue, a ocitocina estimula o comportamento social e a sensação de relaxamento quando na presença de outra pessoa – e, com isso, diminui aquela ansiedade típica do casal recém-formado a cada vez que os dois se reencontram. Resumindo: é um ansiolítico. Um Rivotril.

<strong>Depois do primeiro impulso, vem a sensação de estar conectado ao outro. É a ocitocina e a vasopressina ajudando a unir pombinhos. Mas pode chamar de amor.</strong>
Depois do primeiro impulso, vem a sensação de estar conectado ao outro. É a ocitocina e a vasopressina ajudando a unir pombinhos. Mas pode chamar de amor. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Mais companheirismo não significa menos sexo, de forma alguma: as relações ajudam a gerar picos das taxas de dopamina, num momento em que, com a diminuição da paixão, elas poderiam diminuir. A cada vez que o sexo acontece, a ocitocina é liberada intensamente, mais em mulheres do que em homens. Outro elemento entra nessa equação, mais nos homens: a vasopressina. Juntos, os dois induzem a emissão da dopamina, reforçando a sensação de recompensa.

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“O casal que faz muito sexo tem um vínculo mais forte, porque a recompensa proporcionada pela dopamina reafirma a ligação entre os dois e os condiciona a buscar ainda mais relações”, afirma a neurocientista americana Lucy Brown, da Faculdade de Medicina Albert Einstein. Por isso mesmo, não existe, biologicamente falando, sexo totalmente sem compromisso.

A fórmula do casamento perfeito

Uma mulher mais bonita e cinco anos mais nova que o homem. Ele não pode ser divorciado e os dois devem ter experiências culturais semelhantes. Se o casal reunir essas condições, tem 20% mais chances de manter um relacionamento duradouro. A conta é resultado de um levantamento de matemáticos da Universidade de Genebra, que estudaram o histórico e as características de 1.074 casais com idades entre 19 e 75 anos.

O fato de a mulher ser mais bonita e mais jovem do que o marido ajuda porque “homens mais feios e mais velhos do que a parceira dão mais valor a elas e se esforçam para mantê-las satisfeitas”, afirma o coordenador do estudo, Nguyen Vi Cao.

Já os divorciados têm menos dificuldade em se separar depois da primeira vez. “As mulheres costumam superar mais rápido um divórcio do que os homens. Se eles conseguiram uma vez, a segunda será menos traumática”, afirma a psicóloga Lisa Diamond, professora da Universidade de Utah.

<strong>Matemáticos entrevistam mais de mil casais a fim de encontrar a combinação ideal para garantir a estabilidade da relação.</strong>
Matemáticos entrevistam mais de mil casais a fim de encontrar a combinação ideal para garantir a estabilidade da relação. (Espaço Ilusório/Superinteressante)
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A experiência cultural em comum também conta a favor. Claro, é mais fácil dois fãs de heavy metal darem certo do que um funkeiro e uma pianista da Osesp. Não é só isso. Aproximadamente 60% dos relacionamentos começam na escola, no trabalho ou nas festas para convidados que têm algum grau de contato entre si – e não em baladas. É o que concluiu um estudo com 10 mil pessoas de 37 países realizado pela Universidade do Texas.

Ter disposição para viajar e conhecer lugares diferentes é outra estratégia que gruda casais, mostrou uma pesquisa americana. O motivo: mudar de ares estimula a produção de testosterona, hormônio responsável pelo desejo sexual.

Por fim, o sábio conselho de não alimentar altas expectativas em relação ao outro tem fundamento científico, segundo um levantamento da Universidade da Flórida com casais indianos, onde 95% dos casamentos são arranjados: os que se declararam mais felizes foram aqueles com baixas exigências.

UM ABRAÇO DE 21 SEGUNDOS, POR FAVOR

O orgasmo libera grandes quantidades de ocitocina, mas abraços de mais de 20 segundos também. E é por isso que casais carinhosos, que não economizam nos gestos de afeição, tendem a durar mais, mesmo nos momentos em que a rotina joga contra e a quantidade de relações sexuais diminui. “O sistema formado pela ocitocina e pela vasopressina é que torna a monogamia viável”, afirma Semir Zeki. Em geral, casais que conseguem estimular esses dois hormônios calmantes ao longo da vida – não só na hora do sexo – permanecem juntos por períodos mais longos.

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A admirável ciência do ciúme

O hormônio que estimula o companheirismo tem um lado mais complicado: a vasopressina também estimula o sentimento de ciúme. E de formas bastante diferentes entre homens e mulheres. “Os homens têm ciúme do sexo, que pode gerar proles que não são suas”, afirma a psicóloga Ana Maria Fernandez, professora da Universidade de Santiago.

“Já as mulheres têm mais medo de que os homens criem vínculos afetivos com outras, e assim deixem de participar ativamente da educação dos filhos.” Que fique claro: isso não significa que uma mulher com ciúmes esteja mesmo pensando nos filhos – trata-se de um instinto inconsciente.

Quando suspeitam que podem estar sendo trocadas, elas não pensam em outra coisa. Em uma pesquisa da Universidade de Delaware, 72% das mulheres ficaram até 60% mais distraídas na tarefa que precisavam realizar quando foram informadas de que seus namorados ou maridos estavam avaliando fotos de outras mulheres no mesmo experimento.

Tem outro componente atuando aí: perder o par para a concorrência mexe com os sentimentos primordiais de competição para garantir a própria herança genética. E ambos os sexos fazem isso, só que de jeitos diferentes: os homens se comportam de forma agressiva; já as mulheres ficam deprimidas. Até certo ponto, esse é um comportamento natural.

<strong>Homens se incomodam mais com a infidelidade sexual feminina. Já as mulheres temem mesmo é o envolvimento emocional do marido com outra.</strong>
Homens se incomodam mais com a infidelidade sexual feminina. Já as mulheres temem mesmo é o envolvimento emocional do marido com outra. (Phto/Shutterstock)

De acordo com os pesquisadores Henrique Pereira, Catarina Lucas e Graça Esgalhado, autores de Ciúme e Sexualidade: Uma Compreensão Científica, pessoas que demonstram preocupação moderada sobre o assunto são mais satisfeitas com seus relacionamentos. Em quantidades maiores, o sentimento gera um problema: o fenômeno da profecia que se autorrealiza.

Quanto maior o ciúme, maiores as chances de ser traído, segundo pesquisa do psicólogo Thiago de Almeida, da USP. O medo de que a confiança seja quebrada estimula a reação oposta: já que a outra pessoa não confia mesmo em você, trair apenas vai justificar essa crença.

A crise dos sete anos nos relacionamentos é culpa da evolução

Em nenhuma espécie de primatas a criança demora tanto tempo para se tornar pouco dependente dos pais. Entre nós humanos, esse fenômeno é resultado, em parte, do tamanho do nosso crânio, que favoreceu, em termos evolutivos, as mães que tinham partos mais curtos e filhos menores, que não colocavam sua saúde em risco – e que, em compensação, demoram mais para se desenvolver.

Mas, quando a cria finalmente ganha autonomia, os seres humanos não se diferenciam tanto assim das espécies parecidas conosco: o homem quer ganhar o mundo, para continuar espalhando seus genes por aí. E isso costuma acontecer por volta dos sete anos de relacionamento, quando um eventual filho não precisa mais de tantos cuidados.

De acordo com um levantamento da ONU, o índice de divórcios aumenta depois do terceiro ano e atinge o auge no sétimo. No Brasil, os homens se divorciam, em média, com 42 anos. As mulheres, aos 39 anos. Estatisticamente, a crise dos sete anos é uma realidade. E quem a supera aumenta as chances de ter um relacionamento mais duradouro. “Ao nos tornarmos bípedes, geramos mães que não podem carregar os filhos nas costas e cuidar da coleta de alimentos ao mesmo tempo.

<strong>A monogamia é rara em mamíferos. E pode entrar em colapso na fase em que os filhos passam a se virar sozinhos.</strong>
A monogamia é rara em mamíferos. E pode entrar em colapso na fase em que os filhos passam a se virar sozinhos. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Elas precisam ser alimentadas, e isso estimulou a monogamia, porque não é vantajoso para os homens ter várias mulheres tão dependentes dele”, afirma a psicóloga Lisa Diamond, da Universidade de Utah. Para que os homens “se conformem” em passar esse período de tempo com uma única mulher, o mecanismo hormonal faz os níveis de testosterona caírem ao longo do tempo, especialmente depois do nascimento da criança – e a relação passa a depender essencialmente da produção de ocitocina e vasopressina.

Acontece que é fácil romper o ciclo positivo do hormônio do companheirismo. Depois de anos de convívio, a pessoa se torna capaz de enxergar o parceiro como ele realmente é. Natural começar a perguntar o que raios você viu naquele ser que habita a sua cama.

A grama da vizinha parece mais verde. E sua mulher sabe disso

Em 2011, a psicóloga francesa Maryse Vaillant lançou o livro Les Hommes, l’Amour, la Fidélité (Os Homens, o Amor, a Fidelidade), em que defende que os homens que não traem estão negando sua natureza, porque são predispostos a disseminar seus genes entre a maior quantidade de fêmeas possível. “O mecanismo biológico da traição existe e é mais forte nos homens. Mas não somos máquinas obrigadas a seguir uma programação biológica”, diz a psicóloga Cynthia Hazan, da Universidade Cornell, de Nova York.

<strong>É verdade: homens são biologicamente mais predispostos a trair do que as mulheres. Mas sempre existe a possibilidade da escolha.</strong>
É verdade: homens são biologicamente mais predispostos a trair do que as mulheres. Mas sempre existe a possibilidade da escolha. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Outra diferença expressiva entre homens e mulheres: elas percebem com muito mais facilidade quando eles podem trair. Em pesquisa realizada pela Universidade da Austrália Ocidental, as mulheres foram muito mais certeiras em apontar homens desconhecidos que declararam já ter pulado a cerca pelo menos uma vez na vida. É que o perfil do homem que trai tende a ser mais óbvio: quanto mais “macho” na aparência, menos fiel.

O triste fim de uma história de amor

O fim de um relacionamento costuma provocar uma reação em cadeia que, num primeiro momento, só piora as coisas. Você não se conforma com o fim e tenta, de todas as formas, convencer o outro a voltar. É a primeira fase do luto amoroso: a abstinência, o vício da paixão se manifestando. Quando as descargas de prazer não acontecem mais, surge a vontade de recuperar a dopamina a qualquer custo. Diante da recusa, o estresse aumenta. E aí a coisa caminha para o segundo estágio, a raiva.

O organismo começa a eliminar os vestígios de quem está causando tanto mal a ele. E faz isso de maneira radical: do dia para a noite, você começa a sentir ódio daquele que um dia amou. As memórias ruins, como a mania de falar de boca cheia ou de deixar a calcinha pendurada no chuveiro, superam as boas.

Não é tão difícil saltar de um sentimento para outro, porque os dois são processados nas mesmas regiões cerebrais. Em especial na ínsula, estrutura que tem o tamanho de uma ameixa seca e é responsável por traduzir sons, imagens, cheiros, odores e sabores em emoções como desejo, empatia, compaixão, arrependimento, culpa, orgulho, humilhação, nojo e vingança.

Sem o processo de limpeza e a mudança entre os sentimentos bons e ruins, não daria para passar à terceira e última etapa: a superação, que começa a acontecer quando você vence a vontade de passar o resto dos seus dias na cama. Aproximar-se dos amigos é uma atitude sábia, porque demonstrações de carinho aumentam os níveis de ocitocina no corpo e fazem você se sentir conectado aos outros – um antídoto para a solidão.

<strong>As três fases do luto amoroso são estágios difíceis e dolorosos, mas são elas que nos preparam para o próximo passo: começar tudo de novo.</strong>
As três fases do luto amoroso são estágios difíceis e dolorosos, mas são elas que nos preparam para o próximo passo: começar tudo de novo. (Espaço Ilusório/Superinteressante)

Outra coisa que funciona é pegar firme na academia. A atividade física faz crescer a produção de dopamina no cérebro, ajudando na reabilitação. Também vale a pena começar a olhar ao redor e perceber novas possibilidades de relacionamento. Muitos psicólogos defendem que uma paixão substituta, ainda que provisória, ajuda a desvincular o ex como fonte máxima de prazer.

Se não existe felicidade eterna, também não há mal que dure para sempre. Em apenas 12 meses, na média, você já está recuperado do choque e pronto para o próximo passo: começar tudo de novo, encontrar um novo amor. Isso se você aceitou cumprir as etapas anteriores. Quem mantém o hábito de fuçar o perfil do ex no Facebook todos os dias vai ter muito mais dificuldade em dar a volta por cima – e pode ficar preso a uma paixão que não existe mais. Uma dependência química eterna.

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Por que traição dói mais que unha encravada?
Porque ninguém, por mais que tente, está preparado para ela. Em geral, as mulheres são mais rápidas para perceber que estão sendo enganadas – e mais discretas para darem seus pulos. O que significa que, na teoria, estariam menos desprevenidas quando isso acontecesse. “Elas são mais atentas às pistas que os parceiros emitem e sabem disfarçar seus próprios sinais de infidelidade”, diz a psicóloga Lisa Diamond.

Mas sentem o baque do mesmo jeito. Segundo uma pesquisa da Universidade do Colorado, até mesmo quem estava infeliz no relacionamento sofre para diabo. “Quando estamos apaixonados, baixamos a atividade na região cerebral da amígdala, que é a nossa proteção emocional biológica, e ficamos menos atentos a riscos. A traição nos pega de surpresa”, diz a psicóloga Cynthia Hazan, professora de ecologia humana da Universidade Cornell, de Nova York.

Um estudo com 477 participantes realizado na Universidade Estadual do Kansas mostrou que a dor tem causas diferentes para homens e mulheres: 67% delas ficaram piores quando souberam que o ex se envolveu emocionalmente com outra. Para eles, essa porcentagem é de apenas 33% – o restante não suportou mesmo é saber que a amada transou com outro cara.

O trauma pode ser tão grande que, de acordo com um estudo do neurocientista Thomas Baumgartner, da Universidade de Zurique, pessoas que se descobriram traídas várias vezes têm maior propensão a desenvolver fobia social, porque passam a ter dificuldade crônica para produzir o hormônio ocitonina, ligado ao sentimento de companheirismo e fundamental para estabelecer vínculos emocionais. Em entrevistas dadas ao centro de pesquisas Tendencias Digitales, 70,6% dos homens brasileiros dizem que já traíram, contra 56,4% das mulheres.

O amor é mesmo cego?
Geralmente, sim. Quando estamos com alguém para valer, o neocórtex cerebral passa a repelir os mais atraentes. Não temos olhos para mais ninguém – nem nariz.

• Olhos
Pesquisadores americanos pediram a 113 participantes que vissem fotos de gente linda e de gente mais ou menos. Quem estava apaixonado mal percebia a diferença.

• Nariz
Um estudo americano mostrou que homens comprometidos sentem repulsão por mulheres desconhecidas em período fértil. Mas ficam mais atenciosos e ciumentos com a própria quando ela está ovulando.

Por que voltar com ex é quase sempre uma furada?
Porque quem embarca nessa quase sempre alimenta ilusões: acha que o tempo longe serviu de lição para o outro melhorar, que vai ser menos crítico com os defeitos do parceiro…

Um estudo da Universidade Estadual do Kansas com casais que foram e voltaram concluiu que a turma do revival tende a ser mais crítica com o parceiro, insegura com o futuro do relacionamento, menos satisfeita com a vida a dois e mais propensa a brigar, em comparação com o que demonstravam na primeira vez em que se uniram. A maioria foi impulsiva demais, tomando decisões precipitadas como morar junto logo.

Demorar para casar é ruim para a relação?

Não existe um tempo ideal de namoro e noivado. Se o desejo de permanecer junto se mantém para ambos, demorar não é nada ruim. Aliás, pode até ser uma vantagem. Para o neurologista Semir Zeki, professor do University College, de Londres, quanto mais longo o tempo de namoro e noivado, melhor. “O pior momento para se casar é no começo do relacionamento, quando não temos capacidade de julgar o parceiro com objetividade”, ele afirma.

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“Se adiamos o momento por alguns anos e ainda assim queremos nos comprometer com a mesma pessoa, é sinal de que a decisão está sendo tomada com mais racionalidade e menos influência da dopamina e da testosterona.”

Outra alternativa, diz Zeki, seria instituir os casamentos na forma de contratos renováveis a cada três anos. “Assim, estaríamos garantindo que os dois tenham a liberdade de rever suas posições com o passar do tempo. Além disso, nenhum parceiro poderia relaxar e parar de cuidar de seu cônjuge, como acontece com tanta frequência.”

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