Ele é a divindade inspiradora dos confrontos entre nações. Ares quer ver derramamento de sangue e selvageria. O Medo e o Pânico são seus filhos.
Texto: Maurício Horta | Edição de Arte: Estúdio Nono | Design: Andy Faria |
Imagens: Adobe Stock e Getty Images
NOME ROMANO – MARTE • DIVINDADE – DEUS DA GUERRA
Na família olímpica, todos nutrem uma desconfiança profunda por Ares, por causa de seu espírito violento. A exceção é sua amante, Afrodite, atraída por sua masculinidade incontrolável. Para Hera, sua mãe, Ares é uma vergonha sem fim. Depois de ter com Zeus a filha Ilícia, deusa dos partos difíceis, e Hebe, deusa da juventude, a rainha do Olimpo esperava ansiosamente pelo nascimento de um varão. Hera tivera ainda, sozinha, Hefesto, o coxo.
Quando finalmente nasce Ares, Hera enche-se de orgulho. Até que enfim ela dará ao marido um varão tão vigoroso que poderá contrapor-se à bastarda Atena. Mas o rapaz sai-se uma criatura traiçoeira, a quem faltam todas as virtudes que sobram na filha ilegítima de Zeus.
Os dois são deuses da guerra, mas se ocupam com facetas opostas dos conflitos. Enquanto Atena se volta à estratégia que minimiza a derramada de sangue e maximiza os ganhos da batalha, Ares ama a matança gratuita. Para saciar sua sede de sangue, ele é auxiliado por dois filhos que teve com Afrodite – Deimos (o Pânico) e Fobos (o Medo) –, além de Éris (a Discórdia, mãe de todos os males humanos), Ênio (a Destruidora de Cidades), as Queres (seres noturnos que dilaceram os cadáveres e sugam o sangue dos mortos em batalha), Limo (a Fome, que alimenta os saques), Ponos (a Fadiga, que enfraquece os combatentes), Algos (a Dor, que os imobiliza) e Lete (o Esquecimento, que joga irmãos contra irmãos). Mas tão irracional é sua sanguinolência que raramente sai vencedor dos combates que empreende. Já o esplendor da vitória, Nice, pertence a Atena.
Por causa do temperamento violento de Ares, os gregos sempre preferem invocar Atena em vez dele. São raros os templos erigidos em sua honra na Grécia, e apenas duas estátuas suas são conhecidas – uma delas em Esparta, cidade guerreira onde se faziam sacrifícios humanos em nome de Ares.
Já os romanos veneraram Marte, o nome latino de Ares. Tanto que, na sua variação da mitologia, o deus da guerra é pai de Rômulo e Remo, heróis fundadores de Roma. Entre os vários templos que Ares tinha em Roma, o mais célebre foi o dedicado por Augusto, sob o nome de Marte Vingador.