A SpaceX quer colocar 12 mil satélites em órbita para universalizar o acesso à internet. Mas ele pode acabar com a visão das estrelas – e gerar um acúmulo de lixo espacial sem precedentes.
Reportagem: A. J. Oliveira | Design: Maria Pace | Ilustração: David Augusto | Edição: Bruno Vaiano
Você pode até subir seus arquivos na nuvem, mas eles chegam lá pelo fundo do mar. A espinha dorsal da internet é uma rede de 378 cabos submarinos, que somados alcançam 1,2 milhão de km de extensão. Eles correm pelo leito dos oceanos conectando os continentes, mais ou menos como os fios de telégrafo faziam um século atrás.
Wi-Fi e 3G dão a impressão de que a internet é algo que paira no ar. Mas vale lembrar: todo equipamento que fornece conexão wireless – seja um roteador doméstico, seja uma antena de celular – está espetado em um cabo. Que leva a outros cabos.
O acesso a essa infraestrutura é limitado. 3,3 bilhões de pessoas (43% da população mundial) não têm acesso à rede. O problema não é apenas a desigualdade econômica. Por exemplo: mesmo que uma escola isolada no interior do Amazonas conseguisse verba para adquirir computadores, ela não teria como conectá-los.
Uma alternativa à internet cabeada é contratar um provedor que envie o sinal para a órbita da Terra, na direção de um satélite. Esse satélite, por sua vez, rebate as ondas eletromagnéticas para uma antena receptora instalada na escola remota.
Os satélites que realizam essa tarefa ficam a 35 mil quilômetros de altitude, um décimo da distância até a Lua, e giram em sincronia com a Terra (de maneira que sobrevoem sempre o mesmo ponto da superfície do planeta). Por isso, são chamados geoestacionários: dão a impressão de estarem parados no céu.